Missionários brasileiros saem da prisão no Senegal, mas ainda enfrentam dificuldades
José Dilson da Silva e Zeneide Moreira Novais, missionários cristãos, conseguiram, em 5 de abril, liberdade provisória, mas ainda enfrentam dificuldades para se verem livres das acusações na justiça de Senegal.
(Foto:Divulgação/ONG Rio de Paz)
Zeneide e a família de José Dilson, missionários brasileiros no Senegal.
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Os dois foram acusados de tráfico de menores e formação de quadrilha e estavam em prisão provisória desde novembro do ano passado.
José Dilson fundou um orfanato e o Projeto Obadias em 2011. O projeto abrigava crianças de rua, alimentava e educava. Zeneide trabalhava no projeto atuando como uma “mãe” para as crianças, afirma a World Watch Monitor.
Os problemas começaram quando o pai de uma das crianças atendidas pelo projeto Obadias denunciou José Dilson afirmou que a criança estava ali sem autorização. Segundo o pai, a criança estava “agindo como um cristão”, num país de maioria muçulmana.
Enquanto os missionários estavam presos, a justiça descobriu que o projeto Obadias não estava corretamente regulamentado, ou seja, estava operando ilegalmente.
O presidente da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE), Uziel Santana, afirmou que, no início do funcionamento do projeto, José Dilson contratou um advogado para regulamentá-lo, mas foi enganado pelo profissional que levou seu dinheiro e não providenciou a legalização do projeto.
“O Projeto Obadias estava acontecendo normalmente. Mesmo sem as licenças, (José Dilson) não sabia que era ilegal até a denúncia de um dos pais”, afirmou Uziel. “No entanto, na delegacia de polícia, o problema das licenças não era importante. O maior problema era a ‘cristianização’. Qualquer vírgula fora do lugar dá espaço para denúncias contras os cristãos”, continuou.
“Quando mostramos evidências de que eles não tinham antecedentes em suas fichas criminais, eles foram soltos”, afirmou Uziel. Agora, José Dilson e Zeneide devem se apresentar a cada duas semanas na prisão e não podem sair do país.
Segundo Uziel, José Dilson escreveu uma carta à sua esposa Marli que dizia: “Avise a todos, inclusive àqueles no Senegal, que o inimigo pode mandar alguns para a prisão, mas tudo é será para a glória de Deus”.
A notícia da libertação, ainda que provisória, dos missionários foi recebida com alegria pelos membros das comunidades cristãs da cidade de Thies, onde trabalhavam. Além disso, o fato levantou questionamentos acerca da democracia no país, tido como uma referência em tolerância na África.
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