Adriana Dias participa de exposição na Unicamp
Mostra traz diversos "livros de artistas", termo muito explorado pelas artes visuais atualmente
"O livro de artista não é como uma pintura em que dez pessoas a apreciam ao mesmo tempo. Ele se constrói junto com o leitor" - Adriana Dias, artista plástica - Por: Divulgação
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Notícia publicada na edição de 25/04/2013
do Jornal Cruzeiro do Sul,
na página 004 do caderno C -
o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Andrea Alves
andrea.alves@jcruzeiro.com.br
A artista plástica sorocabana Adriana Dias está no grupo de artistas que estão com trabalhos na mostra Página Aberta: um ensaio sobre livros e cadernos de artista, instalada no Espaço Cultural Casa do Lago, na Unicamp, até o dia 15 de maio. A exposição marca o encerramento do curso de graduação e especialização em Artes Visuais naquela universidade e além de ser um espaço para apreciação de belos e criativos trabalhos, pode alimentar as discussões existentes em torno do tema livro/caderno de artistas, uma categoria de arte capaz de mexer de várias maneiras com os sentidos de quem experimenta ser o leitor dessa linguagem complexa.
Apesar de ser essa uma arte nascida há séculos - "Leonardo da Vinci, William Blake, Frida Kahlo faziam livro de artista", ensina Adriana - esse é um tema em voga na atualidade. O livro/caderno de artista é uma categoria dentro da arte que penetra num campo híbrido, complexo, amplamente discutido por artistas e pensadores da arte, explica Adriana. "Na prática, pode ser desde livro como um caderno de registro até um objeto, de natureza escultórica." Adriana exemplifica: "O Livro de Carne, de Artur Barrio, não é propriamente um livro, mas é considerado um livro de artista", disse referindo ao trabalho do artista português que vive no Brasil e que nos anos 1970 cortou um pedaço de carne em formato de livro, sendo essa uma de suas obras mais conhecidas.
Assumidamente apaixonada pelo tema e por sua complexidade - "por isso o livro/caderno artista é um tema interessante" - Adriana lembra que, como acontece com a literatura, o livro de artista se faz no momento em que alguém o lê ou o manuseia. "O livro de artista não é como um pintura em que dez pessoas a apreciam ao mesmo tempo. Ele se constrói junto com o leitor." Dando a ideia do quanto o livro/caderno de artista é um tema de poucas definições, Adriana comenta: "na França, por exemplo, onde também se discute o que é o livro de artista, questiona-se: ele deve ficar em bibliotecas ou museus?"
Adriana participa com duas séries de cadernos/livros na mostra Página Aberta: um ensaio sobre livros e cadernos de artista, com curadoria da professora e doutora em Artes Visuais, Lúcia Fonseca. Uma delas é Liames, uma série de caderno/livro de artista em que são permeadas narrativas e desenhos. "Começou como um objeto em formato de livro. São vários desenhos em papel vegetal e uma folha se sobrepõe a outra, dando a sensação de várias dimensões e diferentes densidades", descreve Adriana. "Alguns desenhos vão ficando menos evidentes, mas ainda podem ser vistos mesmo após algumas sobreposições do papel vegetal. São como as memórias que insistem em permanecer ao mesmo tempo em que se esvaecem." O outro trabalho tem o título O correio de amigos é doçura, baseado em poesia homônima de Carlos Drummond de Andrade e tem formato de códice.
A exposição Página Aberta: um ensaio sobre livros e cadernos de artista traz os trabalhos de 18 artistas que finalizam graduação e especialização na Unicamp. Pode ser vista de segunda a sexta, das 9h às 22h, até o dia 15 de maio. A entrada é gratuita. A Casa do Lago fica rua Érico Veríssimo, s/nº, Barão Geraldo (Cidade Universitária Zeferino Vaz - Unicamp), em Campinas. Informações: (19) 3521-7017.
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