terça-feira, 15 de novembro de 2011

Povos Indígenas: Caminhos do genocídio e da esperança




Povos Indígenas: Caminhos do genocídio e da esperança

Por Adital





Veraí liga desesperado. “Estamos cercados de jagunços. Estamos passando fome. Peçam para aFunai e a polícia federal virem para cá. Já vieram nos fazer propostas dedoações de comida para sairmos. Também nos ameaçaram – se vocês pegarem minha terra mato 2 ou 3 índios”.

Ogrito da liderança Kaiowá-Guarani do tekohá Guaiviry, município de Amambai-MS,que há dez dias voltou para seu tekohá – terra tradicional, provavelmente serásufocado pelas recentes medidas tomadas em nível do poder executivo elegislativo.

Volta,e com muita força, o tempo de caça aos direitos indígenas. As recentes medidasdo poder Executivo e Legislativo não deixam dúvida quanto a isso.

Ogoverno Dilma não precisou de um ano ou dois, como em tempos anteriores, paradizer a que veio, na questão indígena. Não apenas se nega ao mais elementarnuma democracia, qual seja o diálogo, o ouvir as pessoas de um componente importanteda nacionalidade brasileira, que são os mais de 230 povos indígenas.

Na década de 60 asdenúncias internacionais de esquartejamento de indígenas, como no massacre doparalelo 11, o envenenamento de grupos indígenas e a invasão de suas terras e espoliaçãodos recursos naturais, fez com que delegações internacionais viessem ao Brasile comprovassem as denúncias, que acabou com a extinção do SPI (Serviço deProteção aos Índios) e criação da Funai.

Hojeos açúcares envenenados e esquartejamentos são outros, mais sofisticados. Sãoas usinas de açúcar e etanol, são os mega projetos do PAC (Programa deAceleração do Crescimento), como a hidrelétrica do Xingu. A invasão não vem detransamazônicas ou da Perimetral Norte, ou da Rodovia Norte-Sul, que exigia aretirada dos indígenas, isolados ou não, para que as estradas do progresso e damorte passassem.

Naépoca se denunciava os períodos da caça aos índios, com aexpansão e o milagre que governos da ditadura militar anunciavam comoprogresso. Os índios eram considerados, empecilhos, cancros, obstáculos a seremremovidos. Quem diria que um dia se voltassem a esses tempos, com outrasroupagens. A ditadura do capital financeiro, as grandes multinacionais repetema triste história.

Osacampamentos indígenas são a face mais perversa e nefasta da política desetores políticos e econômicos regionais, que tem se posicionado de formaobstinada e intransigente contra o reconhecimento das terras indígenas.

Encontrosdos Acampamentos Indígenas do Mato Grosso do Sul

Nestecontexto, tão adverso aos direitos indígenas, em que os interesses econômicosde minorias se sobrepõem aos direitos constitucionais dos povos indígenas, éque se realiza um primeiro encontro de representantes de umas dezenas deacampamentos indígenas do cone sul do Mato Grosso do Sul.

Nomomento em que está montada uma verdadeira operação de caça aos direitosindígenas em todos os poderes, aos povos indígenas resta a teimosa esperança eexperiência da secular resistência.

Noacampamento de Ita’y, onde se realizará o encontro, um bonito movimento deenvolvimento da comunidade nos preparativos para esse importante momento dereflexão e luta dos Kaiowá Guarani deste estado.

Sócom intensa mobilização e denúncia nacional e internacional se conseguirá reverteresse absurdo quadro anti-indígena. Sobre os carimbadores da morte, serãolançadas as flechas do futuro, nesta primavera de muitas pragas, mas também deflores e sementes grávidas de novos projetos de sociedade, possíveis,necessárias e urgentes.

Cimi40 anos – Equipe Dourados, 11-11-11.
PovoGuarani Grande Povo

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Manoel Messias Pereira

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