sábado, 26 de março de 2011

Morre Tomaz Farkas aos 86 anos


Foto Thomaz e Clara Farkas
Thomaz Farkas morre aos 86 anos
Fotógrafo teve falência múltipla de órgãos causada por longa enfermidade


O fotógrafo, produtor de cinema e diretor Thomaz Farkas, que na década de 1940 foi um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirantes, em São Paulo, iniciativa que foi um marco da fotografia moderna brasileira, morreu no fim da tarde desta sexta-feira, aos 86 anos, de falência múltipla de órgãos. Ele havia recebido ontem alta do Hospital Sírio Libanês, onde estava internado devido a longa enfermidade. Morreu na casa de sua família.


Juan Guerra/AEThomas e Clara Farkas, em foto de janeiro de 2011
“Fotografia, para mim, é o melhor jeito de aproveitar a vida”, costumava dizer ele. Fotógrafo de origem húngara, é amante das imagens e ajudou a trazer ao Brasil uma fotografia mais ligada à modernidade. Apaixonado pelo País, quis fotografar, filmar e registrar o que existia de identidade brasileira. Thomaz tem a paixão de enxergar o mundo através de um visor.

O Instituto Moreira Salles (IMS) inaugurou a exposição Thomaz Farkas: Uma Antologia Pessoal, em janeiro deste ano, que rendeu ainda um livro. A exposição está aberta, a princípio, até o dia três de abril.

Fotógrafo amador, amante das imagens e, talvez, mais profissional do que muitos, Thomaz tinha a paixão de enxergar o mundo através de um visor. Sua primeira câmara ele ganhou ainda criança de seu pai. A família, o bairro do Pacaembu, seus amigos foram os alvos de sua fotografia. Nascido em uma família dedicada à imagem - seus avós já tinham loja de fotografia na Hungria, a família Farkas já está na quinta geração dedicada à imagem, seja por meio da fotografia, seja por meio do cinema. Aliás a Hungria nos deu ótimos fotógrafos. Apenas para citar alguns, Brassai e Robert Capa. "Falamos uma língua que ninguém entende, então, nos comunicamos pela fotografia e pela música", costumava brincar Thomaz.




Mecenas e incentivador da fotografia no Brasil, Thomaz fotógrafo somente se tornou conhecido como tal a partir do fim dos anos 1990 quando resolve vasculhar seus arquivos e mostrar suas imagens que começaram a ser feitas quando ele, aos 18 anos, em 1942, passou a integrar o Foto Cine Clube Bandeirante e ajudou a transformar a fotografia brasileira - até então era ligado a uma imagem naïf do pictorialismo -, para nos trazer uma imagem mais ligada à modernidade. Amante do Brasil, quis fotografar, filmar e registrar o que existia de identidade brasileira, mesmo durante os duros anos da ditadura brasileira. Como escreve seu filho João: "Muito influenciado por uma visão de mundo à esquerda, o Thomaz levava sua curiosidade e seu espírito empreendedor para as fronteiras do registro e da busca da transformação da vida social".





Retratos. Como amador - não preso a compromissos profissionais -, seu olhar é solto e gravita pelas mais variadas instâncias da vida brasileira: dos retratos, à fotografia da urbe, à inauguração de Brasília, à sua expedição fotográfica pela Amazônia com o compositor Paulo Vanzolini, no fim dos anos 70 (aliás, as únicas fotos coloridas). Imagens de um Brasil capturadas por alguém com alma humanista, que tentava descobrir por meio da fotografia o mundo que nos cercava: "É ver, descobrir paisagens, pessoas, caras, grupos, ruas, fachadas, praças - todos trabalhando, brincando, folgando, comendo, dançando. Tudo isso é a nossa vida", declarou Thomaz para o curador Diógenes Moura, em agosto de 2010.

Vá lá:


THOMAZ FARKAS: UMA ANTOLOGIA PESSOAL
IMS. Rua Piauí, 844, 3825-2560. 13 h/ 19 h (sáb. e dom., 13 h/ 18 h; fecha 2ª). Grátis. Até 3/4.

Um comentário:

  1. Jaraguá do Sul (SC), terra e berço da imigração suábia e húngara, também lamenta a morte deste dedicado cidadão ao mundo da arte fotográfica.
    Ademir Pfiffer - Historiador

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Manoel Messias Pereira

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