Solidão
"Quando a luz foge das sombras
E perguntamos aos sonhos:
De onde vem a imagem que ainda retemos?
Então no céu, no meio do universo
Aparece um magistral anjo do deserto.
E suas mãos abertas, como espadas flamejantes,
Cintilam nos claros olhos do deserto"
- Assim cantou o demônio.
Depois fez uma pausa de 432 século,
Falou aos indianos, consultou o Lama,
Alertou a Berossos e partiu.
Mas ainda hoje escutamos o fino sussurrar de seu canto:
"E só nestes momentos quando ficamos sós,
Caminhando por alamedas
Com árvores que serpenteiam suas margens,
Só então, sentimos a presença numinosa,
Que sai do interior de nossa solidão.
Só então, na dualidade invisível do ser,
É que sentimos o cheiro das imagens perdidas".
Ricardo Araujo
poeta tradutor
professro de teoria literária
Universidade de Brasília.
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