sexta-feira, 30 de março de 2012

Ônibus em Rio Preto não são 100% acessível



Ônibus em Rio Preto não são 100% acessíveis

BOM DIA acompanha rotina de deficiente que utiliza transporte coletivo e mostra que ainda há dificuldades Heitor Mazzoco

heitor.mazzoco@bomdiariopreto.com.br Sidnei Costa/Agência BOM DIA

Claudineia Aparecida de Lima não embarcou porque o veículo não era adaptado Os ônibus do transporte coletivo urbano de Rio Preto ainda não são 100% acessíveis aos deficientes físicos. Na terça-feira, o BOM DIA fotografou 18 veículos sem as adaptações circulando pela cidade.



A falta de acessibilidade provoca reclamações de deficientes que precisam usar o serviço todos os dias. A prefeitura, porém, afirma que todos os ônibus são adaptados.



- Deodoro insiste em dizer que transporte vai bem



Calvário /Para Claudineia Aparecida de Oliveira, 40 anos, atleta de vôlei adaptado, usar o transporte se torna um verdadeiro calvário. O BOM DIA a acompanhou durante o trajeto que faz para retornar para casa, quinta-feira (29) à tarde, e constatou dificuldades. “Na última vez que andei de ônibus, na terça-feira, fiquei mais de uma hora no ponto. Os dois ônibus que passaram estavam com problemas na rampa”, afirmou.



Quando Claudineia se depara com circulares sem adaptação ou com problemas na rampa, os motoristas não param para ajudá-la a subir, segundo ela. “Às vezes fingem que não nos viram. Quando param e falam que a rampa tem problemas, eles perguntam se não podem me pegar no colo”, diz.



Percurso /Claudineia permaneceu cerca de 15 minutos em um ponto de ônibus à espera do circular “Jardim do Lago”, próximo ao Ginásio Antonio Carlos Montanhez, no jardim América, por volta das 17h. Ao ver o motorista descer para ligar a rampa de acesso, a atleta ficou feliz. “Hoje está funcionando, hein”, disse ao motorista.



Ao chegar no terminal urbano, Claudineia tentou acesso ao ônibus da linha “São Francisco”, porém, sem rampa de acesso, o motorista pediu para ela esperar outro ônibus. Para Vila Toninho, nova frustração. Veículo inacessível para deficientes, com apenas duas portas. “Perdi consulta médica já. Resolver problemas do dia a dia é mais rápido para mim do que pegar ônibus”, diz.



Para retornar para casa, Claudineia contou com a ajuda de sua sobrinha, Mariana Lima de Oliveira, de 9 anos. Com ônibus lotado, de novo, a rampa de acesso precisou ser ligada três vezes pelo motorista porque estava com problema. Emfim, depois de mais uma jornada, Claudineia chegou em casa.



Outro caso /Marcelo Kikuti, de 34 anos, é formado em Ciência da Computação. Ele também é atleta e sua modalidade é a natação. Para ele, o espaço para cadeirantes dentro dos ônibus é pequeno. “No máximo dois cadeirantes por ônibus. Mais que isso já não cabe”, diz.



Outro fator que Marcelo diz acreditar necessário é a segurança do passageiro. “A segurança também não é boa. Tem apenas um cinto de segurança”, afirma.



Ministério Público/ Desde a última sexta-feira, o BOM DIA tem publicado reportagens sobre falhas no sistema de transporte coletivo de Rio Preto. O Ministério Público ainda não decidiu qual medida irá tomar sobre o caso.



Jogador de basquete comprou carro para facilitar transporte diário



Para evitar o transporte coletivo urbano de Rio Preto, o jogador de basquete adaptado, Paulo César dos Santos, mais conhecido como Jatobá, comprou um carro para não depender dos ônibus. “Todos os deficientes deveriam ter carro para não depender do transporte. É muito complicado”, diz.



“Às vezes a pessoa depende de carona para ir ao seu destino. E isso pode demorar”, afirma. Mesmo longe do sistema público de transporte, Jatobá diz conversar com amigos que relatam o despreparo dos veículos para atender os deficientes.



“Alguns amigos reclamam da falta de acessibilidade. A maioria tem problema com isso”, diz. Há oito anos com carro, o atleta relembra que, para deficiente, existe desconto, o que ajuda. “Varia muito. Mas o desconto máximo, tirando alguns impostos, é de 32%. O que facilita a compra. Hoje, eu vou para onde eu quero, na hora que eu quiser”, afirma Jatobá.



Empresas são obrigadas a recolher ônibus para arrumar rampa de acesso, diz prefeitura



O secretário de Comunicação da Prefeitura de Rio Preto, Deodoro Moreira, afirmou quinta-feira ao BOM DIA que caso as rampas de acesso apresentem problemas as empresas são obrigadas a retirar os veículos de circulação, verificar os problemas e arrumá-los.



Somente depois disso, os carros podem voltar às ruas da cidade. “Às vezes, os veículos apresentam problemas porque rodam na zona rural e entra poeira na engrenagem da plataforma. O ônibus podia estar transportando, mas em virtude da sujeira pode ter dado problema. Quando isso acontece, ele é recolhido para manutenção”, afirmou Deodoro.


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Manoel Messias Pereira

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