quarta-feira, 28 de março de 2012
Por uma leitura política da obra de Nietzche
Por uma leitura política da obra de Nietzsche
por Rusley Breder Biasutti
No prólogo à sua autobiografia, Ecce Homo, Nietzsche escreve: "Ouçam-me! pois eu sou assim e assado. E, acima de tudo, não me confundam!" (NIETZSCHE, 2009, p. 15). Ao escrever o livro em questão, o "filósofo do martelo" tem um objetivo claro: dizer de si mesmo o que ninguém havia dito, e, ainda, evitar os possíveis erros de interpretação de sua filosofia. Nietzsche, nessa época, trabalhava no que considerava sua obra derradeira, Transvaloração de todos os valores[2], e com a composição[3] do Ecce Homo - escrito em menos de um mês[4] - objetivava preparar a humanidade para sua recepção. No entanto, sua antecipação e precaução não evitaram os erros de interpretação e os maus usos de que sua filosofia foi vítima. O próprio Nietzsche não teve a oportunidade de testemunhar os primeiros impactos de seus escritos, já que em 1889 foi vítima de um colapso psíquico. Se tivesse a oportunidade, o filósofo teria ficado perplexo com a história da recepção de sua obra. Durante os anos iniciais do século XX tal história é um emaranhado das mais diferentes leituras e apropriações.
Pensador dentre os mais polêmicos, Nietzsche nos deixou um legado de escritos que ainda continua no centro das discussões filosóficas contemporâneas, apesar de passados mais de 110 anos de sua morte. Como disse Martin Heidegger, é impossível que nosso século desconsidere o pensamento nietzschiano, quer seja "a favor" ou "contra" ele, nós temos que, constantemente, nos defrontar com suas questões (ANSELL-PEARSON, 1997 p. 17). Apesar disso, também é verdade que sobre Nietzsche sempre se disse o que se quis, e que a polêmica de seus escritos não é só fruto de seu estilo agudo e audacioso, mas se deve também a variadas leituras, interpretações e apropriações.
Logo após seu colapso, as leituras de Nietzsche giraram em torno de sua biografia, dando ênfase especial à situação psíquica em que o filósofo se encontrava, em detrimento da força de seu pensamento. As discussões nos círculos nietzschianos que se desenvolveram, nessa época, giravam em torno de temas como a genialidade e a loucura. Sua obra foi, nesse momento, considerada mais pelo aspecto literário do que filosófico.[5] Após os anos 1920, proliferaram as mais diversas leituras de sua obra. Segundo Scarlett Marton (1997, p. 24), "alguns fizeram dele [Nietzsche] defensor do irracionalismo; outros, o fundador de uma nova seita, o guru dos tempos modernos. Houve os que o consideraram um cristão ressentido e os que viram nele o inspirador da psicanálise." Apesar de todos os equívocos de interpretação, grande foi o esforço dos interpretes contemporâneos em desfazê-los.[6] No entanto, existe um aspecto da filosofia nietzschiana que até hoje é assolada por tais interpretações - sua dimensão política.
Durante muito tempo - do período que vai do fim da Segunda Guerra a meados da década de 1980 - os comentadores de Nietzsche deixaram de lado o caráter político de sua filosofia. O consenso que se manteve dominante até bem pouco tempo - e que ainda existe em alguns círculos intelectuais brasileiros - foi o de que "Nietzsche não era de modo algum um pensador político, mas alguém que se preocupava, sobretudo, com o destino do indivíduo isolado e solitário, muito distante das preocupações e relações do mundo social" (ANSELL-PEARSON, 1997 p. 17). Ou ainda, há autores que defendem que Nietzsche não fez críticas à política de seu tempo, e que as passagens mais emblemáticas nesse sentido, nada mais são que apenas críticas à moral cristã e à modernidade (MARTON, 2011, p. 18). Chamaremos aqui essas leituras desinteressadas pelo caráter político de Nietzsche de apolíticas. Nosso principal objetivo nessa comunicação é descrever como se deu o esvaziamento do conteúdo político de Nietzsche e como o filósofo acabou se tornando apolítico.
A primeira pergunta que se impõe para esclarecermos a questão é: existe realmente um conteúdo político na obra de Nietzsche?
O momento ativo da produção intelectual de Nietzsche tem como pano de fundo os mais significativos acontecimentos políticos de toda a Europa do século XIX. Nascido no ano de 1844, o jovem Nietzsche cresceu as sombras dos acontecimentos de 1848 na Europa,[7] tendo seu primeiro livro publicado no mesmo momento em que se consolida o processo de unificação do Estado Alemão,[8] capitaneado por Bismarck.[9] O filósofo tinha 17 anos quando o Chanceler de Ferro chegou ao poder e sucumbiu à loucura um ano antes dele ser destituído do posto. Dotado de uma "maneira de ser guerreira" (NIETZSCHE, 2009, p.37) - como ele mesmo gostava de falar - o filósofo, inclusive, participou como enfermeiro voluntário na Guerra Franco-Prussiana. Os acontecimentos políticos que o cercam não poderiam, dessa forma, deixar de repercutir em sua obra. Procedendo ao exame do conjunto da obra nietzschiana, percebemos que são frequentes os momentos em que ele se detém no exame das relações entre os indivíduos e o Estado (NIETZSCHE, 2007, p.115). Em outras passagens, ele faz análises do Segundo Reich e da política de Bismarck; questiona a manutenção de exércitos nacionais (NIETZSCHE, 2005, p. 216); e faz alusão a uma unificação européia em detrimento dos Estados Nacionais (NIETZSCHE, 2005, p. 133). Crítico feroz da democracia, alguns autores - incluindo entre eles alguns historiadores - identificam Nietzsche como partidário de um aristocratismo, resultante das permanências do Ancien Régime na Europa do oitocentos (HOBSBAWM, 1988; MAYER, 1990; ELIAS, 1997). Por mais que, como alegam Scarlett Marton (2011, p.19) e Osvaldo Giacóia Junior (1999, p.148), não exista em Nietzsche uma teoria política acabada e que suas reflexões sobre as questões relativas ao poder não possam ser isoladas das críticas que o filósofo faz a moral, a religião e a modernidade, é impossível negar que existem na filosofia de Nietzsche constantes questionamentos e proposições com relação à política de seu tempo. Existem ainda autores, como Domenico Losurdo, que alegam que a política é a pedra de toque que faz com que todas as contradições que aparecem na obra do filósofo confluam, caminhando para um mesmo ponto. O Nietzsche de Losurdo é um autor estritamente político. Segundo ele, do Nascimento da Tragédia aos instantes anteriores ao colapso de Turim, foi a política o que orientou toda a produção do filósofo (LOSURDO, 2009). Ainda nessa linha de raciocínio, o filósofo inglês Keith Ansell-Pearson argumenta que "Nietzsche é primeira e primordialmente um pensador político", identificando-o como um pensador preocupado com o destino da política no mundo moderno. Segundo ele, as preocupações políticas do autor do Zaratustra estão presentes "desde as primeiras reflexões sobre o agon grego até a tentativa de escrever uma genealogia da moral e o diagnóstico do niilismo para caracterizar o mal-estar e a doença morais dos seres humanos modernos" (ANSELL-PEARSON, 1997 p.18). Há, ainda, outro grande indicativo de que a política é um dos temas centrais em Nietzsche e que só veio à tona após a publicação da edição crítica das obras de Nietzsche na década de 1980: trata-se do tema da grande política. Essa expressão aparece várias vezes nos fragmentos póstumos[10] do filósofo e é empregada para "indicar uma reflexão que se estrutura enquanto uma resposta às práticas políticas vigentes na época do filósofo, em especial na Alemanha recém-unificada" (VILAS BÔAS, 2011, p. 14).
Diante dessa constatação de que a política é um dos campos de grande presença na obra de Nietzsche, e de que o filósofo dedicou grande parte de seu tempo às questões relativas ao poder e à sociedade, uma segunda pergunta nos parece inevitável: por que, em grande parte das leituras feitas de Nietzsche no século XX, o caráter político de sua obra praticamente desaparece? Por que alguns autores, como Walter Kauffman, importante biógrafo e tradutor de Nietzsche, adotaram esse procedimento hermenêutico?
Para darmos conta de entender tal fenômeno, precisamos voltar às primeiras leituras em perspectiva política feitas da obra de Nietzsche no início do século XX. Se, antes de tudo, Nietzsche não queria ser confundido, isso é o que mais ocorre ao olharmos para sua recepção no campo político. Aqui, tanto anarquistas quanto antissemitas se diziam seus adeptos e ao longo de décadas, Nietzsche será evocado por socialistas, nazistas e fascistas. Pensadores e escritores lançaram mão de suas ideias para defender seus interesses, e, muitas vezes, para alcançar tal objetivo, vão operar recortes arbitrários em seu pensamento visando atender seus interesses imediatos.
O primeiro dos recortes arbitrários da obra do filósofo foi operado por sua própria irmã Elizabeth Föster-Nietzsche. Com o colapso mental de Nietzsche, sua irmã, passou a ser sua tutora, e, por consequência, a tutora de seus escritos, de sua biblioteca e de suas cartas. De posse de todos os seus pertences, a "irmã de Zaratustra" - título que ela mesma se atribuiu -transformou o nome e a obra do irmão em um empreendimento, acima de tudo, lucrativo. Em 1901, ela publicou uma obra a qual deu o título de A vontade de potência. O livro seguia as orientações e apontamentos que o filósofo deixara, nos quais manifestava o desejo de publicar uma obra sob esse título. Para tal, Elizabeth reuniu 483 fragmentos póstumos escritos entre 1887 e 1889. Sem adotar critérios claros de seleção dos fragmentos, ou pelo menos sem explicitá-los, a irmã do filósofo sequer obedeceu a sua ordem cronológica ao dispô-los no livro. Para legitimar seu empreendimento editorial, Elizabeth falsificou cartas escritas por Nietzsche. Pretendia usá-las para criar credibilidade entre os editores e os amigos do filósofo. O objetivo de Elizabeth era levar a crer que conhecia as intenções de Nietzsche melhor do que ninguém.
O espírito empreendedor de Elizabeth empenhou-se na difusão do nome do irmão pela imprensa, e, entre 1893 e 1900, fez dele o ídolo das revistas. Ela também elaborou e supervisionou uma nova edição de seus escritos, insistindo que os livros fossem lançados a um preço acessível. Adquiriu, com o dinheiro proveniente dos direitos autorais, uma propriedade em Weimar e nela instalou os Arquivos Nietzsche, onde passou a receber personalidades do mundo cultural e político. A partir desse momento, começam as aproximações com o Estado alemão que levarão Nietzsche a ser, mais tarde, apropriado como ideólogo do nazismo. As edições de Elizabeth, e seu esforço em tornar o irmão um dos filósofos de maior importância para o Terceiro Reich, criaram distorções terríveis de sua filosofia (MARTON, 1997, p.16). Foi a popularidade - graças aos esforços de sua irmã - que os escritos de Nietzsche ganharam na Alemanha, durante os anos iniciais do século XX,[11] que tornou possível aos nazistas explorá-lo como um aliado ideológico no período do entre guerras.
Valendo-se das edições pouco confiáveis elaboradas pela irmã do filósofo, Alfred Bäumler e Alfred Rosenberg, dois dos principais ideólogos do nazismo, vêm em Nietzsche uma justificação filosófica de seu regime totalitário. Eles promoveram a utilização dos escritos do filósofo como parte integrante dos programas educacionais e publicaram coletâneas e antologias populares. Escreveram ainda biografias e comentários sobre a maneira correta como a obra do filósofo deveria ser interpretada - Bäumler publicou em 1931 uma obra intitulada Nietzsche como filósofo e político. Essa interpretação promovia uma supersimplificação da obra do filósofo e o identificava como filósofo da raça ariana. Esse tipo de interpretação foi muito difundido nessa época, e quase todas as propostas nesse sentido buscavam identificar a filosofia de Nietzsche como a base para a justificação da filosofia nazista (ANSELL-PEARSON, 1997 p.43). Os ideólogos do nazismo deram destaque ao aspecto social-darwinista da filosofia nietzschiana, expresso em conceitos como vontade de potencia e super-homem, para justificar seus empreendimentos de caráter antissemita. Os nazistas viam nesses conceitos a justificativa para sua ideologia da raça superior ariana, e "atribuíam a Nietzsche o mérito de ter tirado todas as consequências das teorias de Darwin, no plano ético e político social, sem deixar-se estorvar pelos escrúpulos morais do cientista inglês" (LOSURDO, 2009, p.728).
Se de um lado, as leituras feitas na Alemanha do "entre guerras" procuram celebrar e dar importância à obra de Nietzsche, tornando-o um dos ideólogos centrais do regime que estava sendo constituído, por outro lado, entre os marxistas, não faltaram denúncias aos perigos políticos que sua filosofia implicava. Essas leituras davam destaque ao aspecto antissocialista da filosofia nietzschiana. Domenico Losurdo (2009, p.726) destaca que "Trotski [...] denuncia as ideias ultra-aristocráticas de Nietzsche", segundo ele, "o eixo social de seu sistema é o reconhecimento do privilégio concedido a poucos eleitos de gozar livremente de todos os bens da existência." Ainda segundo Trotski, "estamos na presença de um ultra-aristocratismo que se distingue por algumas características particularmente turvas: ele teoriza super-homens livres de toda obrigação social e moral, que não escondem o seu fraco cinismo e estão prontos para a eliminação cuidadosa de tudo o que pode suscitar a piedade ". O ápice dessa leitura marxista de Nietzsche pode ser encontrado em Georg Lukács. O filósofo alemão Wolfgang Müller-Lauter (1993, p. 20) chama a nossa atenção para o fato de que o livro A Destruição da Razão do autor húngaro foi determinante para a construção da "imagem marxista de Nietzsche". Conforme Müller-Lauter, o autor pretendeu explicar a filosofia de Nietzsche como resultantes de determinada posição ideológica que vinha em defesa da burguesia imperialista na Alemanha. A interpretação de Lukács contribuiu de forma decisiva na maneira pela qual os marxistas, sobretudo na Alemanha, passaram a encarar o autor do Zaratustra, eles "julgaram que seu pensamento se propunha a fazer a roda da história girar para trás; entenderam, por exemplo, que a vontade de potência e o eterno retorno do mesmo estavam na base da visão de mundo que alimentava todas as cruzadas anticomunistas." (MARTON, 1997, p. 22).
Apesar da ampla gama de interpretações políticas da obra de Nietzsche, produzidas até a década de 1950, as mais significativas são essas duas a que nos referimos acima: a nacional-socialista e a marxista. E apesar de diferirem com relação ao juízo de valor que atribuem à obra de Nietzsche, as duas leituras apresentam uma convergência objetiva. Ambas, operando simplificações arbitrárias, destacam do corpus textual nietzschiano seus aspectos maquiavelistas, antimodernos, antidemocráticos e anti-humanitários.
A força que os valores humanísticos e democráticos têm em nossa sociedade causou problemas graves na interpretação de Nietzsche sob uma perspectiva política após os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, sobretudo por sua, deliberada, associação ao nazismo. Nietzsche passou então por um período de descrédito, principalmente nos países de língua inglesa. Seus ideais políticos, como defesa do aristocratismo e certa apologia à escravidão, não podiam ser comungados com os valores capitais de democracia desses países.
A opção, então, que alguns autores e intérpretes adotaram para "resgatar" Nietzsche do fundo das gavetas em que ele havia sido enclausurado, foi promover o esvaziamento do conteúdo político de sua obra. Essa foi a opção adotada por Walter Kaufmann, autor que nos anos 1950 iniciou uma série de traduções das obras de Nietzsche para o inglês. A obra de Kaufmann teve influência determinante na maneira de ver Nietzsche a partir de então. Segundo Michael Tanner (2004, p.12),
Kaufman apresentou um filósofo que era um pensador bem mais tradicional do que aquele que inspirara anarquistas, vegetarianos, etc. Para ampla surpresa, Nietzsche revelou-se um homem racional, até mesmo racionalista. Kaufmann procurou fornecer prova abrangente de seu distanciamento do nazismo. [...] Nessa versão ficou difícil ver qual tinha sido o objeto de tanto estardalhaço.
O aspecto político da obra de Nietzsche, a partir daí foi deixado de lado, em nome do que Losurdo (2009) chama de uma hermenêutica da inocência. As leituras passaram a entender como metáforas as passagens políticas do texto nietzschiano. Se com isso o filósofo foi salvo da teia de imbróglios que as leituras nacional-socialista e marxista o lançaram, também perdemos parte considerável de sua filosofia. Ainda hoje essa leitura tem força entre nós, e o que temos é um Nietzsche desistoricizado e despolitizado em nome de uma interpretação que não apresente os aspectos complicados da leitura política desse filósofo.
H. Ottmann (1987, citado por GIACOIA JUNIOR, 1999), desde a década de 1980, vem tentando chamar a nossa atenção para a importância de uma leitura política da obra de Nietzsche. Acredito que nesse momento é preciso prestar a atenção devida ao que ele nos diz:
Também no futuro, no oeste e no leste, não faltarão motivos para se rejeitar Nietzsche. Nada mais fácil, pois ele, decerto, não cabe nas gavetas que o mundo burguês ou socialista mantém preparadas para filosofias políticas. Mas também a democracia, para silenciar inteiramente acerca da modernidade e de suas promessas de liberdade, tem seus perigos específicos. Nietzsche os vê, e vê apenas eles. Mas quem não quer apenas amaldiçoar Nietzsche, respeita-lo-á como adversário da democracia e da modernidade, adversário de quem se pode aprender. Era-lhe estranho, em todo caso, também nos anos oitenta, a separação entre mundo burguês e socialista e, como se manteve ao mesmo tempo distante dos dois, ele tem algo a dizer a ambos.
Bibliografia
ANSELL-PEARSON, Keith. Nietzsche como pensador político: uma introdução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
CHAVES, Ernani. Ler Nietzsche com Mazzino Montinari. Cadernos Nietzsche, v.3, p.65-76, 1997.
ELIAS, Norbert.Os Alemães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
GIACOIA JUNIOR, O. A Crítica da Moral como Política em Nietzsche. Humanas, Londrina, v. 1, n. 2, p. 145-168, 1999.
HOBSBAWN, Eric J. A Era dos Impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
LOSURDO, Domenico. Nietzsche: o rebelde aristocrata: biografia intelectual e balanço crítico. Rio de Janeiro: Revan, 2009.
MARTON, Scarlett. A terceira margem da interpretação. In: MÜLLER-LAUTNER, W. A doutrina da vontade de poder em Nietzsche. São Paulo: Annablume, 1997.
MARTON, Scarlett. Nietzsche e a crítica da democracia. Dissertatio, v. 33, p. 17-33, 2011.
MAYER, Arno J. A Força da Tradição: a persistência do Antigo Regime (1848-1914). São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
MONTINARI, Mazzino. Interpretações nazistas. Cadernos Nietzsche, v.7, p.55-77, 1999.
MÜLLER-LAUTER, Wolfgang. O desafio Nietzsche. Discurso, v.21, p. 7-29, 1993.
NIETZSCHE, Friedrich W. Além do bem e do mal. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich W. Ecce Homo: de como a gente se torna o que é. Trad. Marcelo Backes. Porto Alegre: L&PM, 2009.
NIETZSCHE, Friedrich W. Escritos sobre política. Trad. Noeli Correia de Mello Sobrinho. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich W. Humano, demasiado humano. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
TANNER, Michael. Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
VILAS BÔAS, João Paulo Simões. A Grande Política como proposta de superação do niilismo em Nietzsche. Dissertação de mestrado - UFPR. Curitiba, 2011.
--------------------------------------------------------------------------------
[1] Graduando em História da Universidade Federal do Espírito Santo.
[2] Nietzsche não teve a oportunidade de terminar esse projeto. Em 3 de janeiro de 1889, logo após ter terminado o Ecce Homo, o filósofo sai as ruas de Turim e abraça um velho cavalo que estava sendo açoitado pelo dono - é o último gesto do filósofo; ironicamente, um gesto de compaixão. Depois disso Nietzsche passará os próximos 10 anos entre internações psiquiátricas e os cuidados da mãe e da irmã.
[3] Nietzsche acabou não conseguindo publicar a obra para o grande público. Apesar de tê-la enviado a algumas pessoas - dentre elas, Bismarck e Cosima Wagner - ela só veio a ser publicada por sua irmã Elizabeth em 1908.
[4] O texto teria sido escrito, de acordo com a maior parte dos pesquisadores, entre 15 de outubro e 4 de novembro de 1888.
[5] Nietzsche inspirou escritores de renome como Thomas Mann, Robert Musil e Hermann Hesse.
[6] Grande parte desses esforços para desfazer os equívocos em torno de Nietzsche deve-se a Mazzino Montinari e Giorgio Colli, responsáveis pela edição crítica e completa das obras de Nietzsche, que pela primeira vez deu um tratamento adequado aos fragmentos póstumos, ordenando-os cronologicamente.
[7] Nietzsche faz referência aos acontecimentos de 1848 no Ecce Homo. O pai de Nietzsche teria sido funcionário de Frederico Guilherme IV (daí o nome de Nietzsche, Friedrich Wilhelm, como sendo uma homenagem), tendo perdido o emprego em decorrência dos acontecimentos de 1848. Uma das causas da Revolução de 1848 teria sido a política conservadora de Frederico Guilherme IV, baseada no direito divino.
[8] Trata-se do Nascimento da Tragédia, publicado em Janeiro de 1872.
[9] Nietzsche escreveu, em 1888, uma carta a Bismarck anunciando-lhe sua inimizade. Assinou a epístola como "O Anticristo, Friedrich Nietzsche".
[10] Para o leitor brasileiro de Nietzsche, o acesso aos inúmeros fragmentos póstumos é algo ainda um pouco complicado, já que não temos uma tradução em língua portuguesa de suas obras completas - menos ainda da edição crítica organizada por Giorgio Colli e Mazzino Montinari. No entanto, vale destacar que existem empreendimentos editoriais no Brasil dedicados a tradução de parte dos fragmentos. Damos destaque ao trabalho das editoras PUC-RIO e Edições Loyola, que desde 2003, vem lançando uma série de volumes temáticos com as traduções de diversos fragmentos póstumos inéditos em língua portuguesa.
[11] Diz-se que os soldados alemães iam para o front da Primeira Guerra com a Bíblia, em um bolso da capa, e a obra Assim falou Zaratustra, no outro.
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