segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Totia Meirelles aproveita pra interpretar a sua primeira vilã






Totia Meirelles aproveita chance de interpretar sua primeira vilã


Nada como uma novidade. E Totia Meirelles parece aproveitar bem a chance de interpretar, pela primeira vez, uma vilã em sua trajetória televisiva. Com cerca de 25 anos de carreira, a atriz acumulou no currículo personagens secundárias e, muitas delas, com perfil de “gente boa”. Agora na pele de Wanda, em “Salve Jorge”, com transmissão da TV Diário, Totia finalmente mostra que pode ir além. “É um divisor de águas de tudo, pessoal e profissional, das minhas possibilidades. É muito legal eu poder me testar, ver o que sou capaz de fazer, até onde posso chegar”, analisa. O convite para interpretar a aliciadora de pessoas para o tráfico humano foi feito pela própria Gloria Perez, alguns anos atrás. Na época, a autora não deu muitos detalhes sobre a personagem. Apenas pediu que Totia guardasse segredo. “Ela me disse: ‘Você nunca fez vilã...’. E eu falei: ‘Não, vocês nunca me dão uma vilã para fazer’. Então, Gloria falou: ‘Vou te dar sua primeira vilã. Não conta para ninguém’”, recorda.



Por incrível que pareça, ser atriz não estava nos planos de Totia. Com formação em balé clássico, o que ela pretendia era ter sua própria academia de dança. Mas, depois de participar do musical “Chorus Line” – que tinha sua atual parceira de cena, Claudia Raia, a Lívia da novela, como protagonista –, as oportunidades na tevê foram surgindo. Timidamente, começou a contracenar com Chico Anysio. “Não tinha medo nenhum porque não era aquilo que eu queria. Não tinha nenhuma responsabilidade. Acho que isso foi bom para mim porque eu não ficava tensa, não ficava nada”, revela, bem-humorada. Em 1989, fez sua primeira novela, “Que Rei Sou Eu?”, interpretando Monah. O que era para ser apenas uma participação acabou se tornando uma personagem que ficou até o fim da história. “Demorei para aceitar que eu era atriz. Sabia que queria ser atriz de musical, mas, de televisão, não tinha nenhuma vontade. Foi nessa novela que eu pensei: ‘Acho que é bacana’”, conta ela, que também atuou em produções como “O Clone”, “Duas Caras” e “Divã”, entre outras. (Luana Borges / TV Press)



No início de “Salve Jorge”, Wanda exercia a função de enganar pessoas e atrai-las para o tráfico humano. Com o desenrolar dos capítulos, a personagem se mostrou capaz até de matar. O que mais surpreendeu você em relação à trajetória do papel?

Várias coisas. Eu sabia que a Wanda iria causar, mas não sabia muita coisa. Mas a personagem foi virando uma vilã tão odiosa, que agora ela já mata. Isso tudo foi me surpreendendo porque eu achava que ela não ia matar, que só iria aliciar. Essa frieza da Wanda me assustou. E é uma frieza que veio no texto, não foi uma coisa que eu planejei. O texto pedia, eu ia fazendo.



O elenco da novela participou de “workshops” sobre, além de outros assuntos, o tráfico humano. Como foi conhecer pessoas que já foram traficadas e famílias que perderam seus parentes para o crime sabendo que a sua personagem representaria isso?

Nos “workshops” foi quando a gente teve contato com a família das traficadas e também tivemos contato com uma traficada que voltou. Aí, eu comecei a me assustar. Me assustei porque vi o sofrimento que eles estavam passando. E vimos um depoimento de 13 anos depois que a filha já tinha sido morta. Ainda era muito sofrimento. Pensei: “Meu Deus! É a minha personagem que vai causar esse sofrimento não só para menina, mas para toda a família”. E isso me bateu meio estranho.



Chegou um momento na história em que foi revelado que a Wanda teve um romance com o coronel Nunes (Oscar Magrini) no passado. O reencontro dos dois pode representar um lado mais humano da vilã?

Não. Ela fica mexida. Mas não é que mostre um lado humano dela. Acho que ela fica mais observando como era e no que se transformou. Ela tem o DNA da maldade. Tenho muitas dúvidas se uma pessoa que faz o que a Wanda faz algum dia se arrepende. Ela fica um pouco saudosista da pessoa que foi. Mas o saudosismo não é um arrependimento. Acho que ela vê o coronel como alguém que pode ajudar em alguma coisa.



Em 25 anos de carreira na tevê, por que nunca fez uma vilã antes?

Nunca me chamaram. Não sei se as pessoas nunca me enxergaram assim. Acho que eu tenho um sorriso muito aberto, todo mundo olha para mim e vê uma pessoa do bem, feliz.



Mas tinha vontade de interpretar uma personagem com esse perfil?

Sempre. A gente sempre tem vontade de fazer. Pelo menos alguma coisa diferente do que a gente sempre fez. E vilã tem uma graça a mais, é um divertimento a mais.



Em algum momento, sentiu receio por nunca ter encarnado esse tipo de papel e por ter uma função tão importante na novela?

Não. Eu estava curiosa para saber como a Wanda seria. Em momento nenhum eu fiquei receosa. Queria fazer.



Acredita que, depois da Wanda, as possibilidades de você interpretar mais personagens diferentes dos que tem feito irão aumentar?

Com certeza. As pessoas vão começar a me enxergar de uma outra forma. E é engraçado porque, em teatro, eu já fiz muitas vilãs. Não vilãs assim. Como a Wanda acho que é a primeira. Mas já fiz muitas mocinhas não tão do bem, só que no teatro. Na tevê, não. Então, acho que agora vão me enxergar de uma forma diferente. Espero que me enxerguem e que abra o leque para outros personagens.



O público estava acostumado a ver você na pele de personagens mais suaves, como a Zambeze de “Fina Estampa”, de 2011. Como tem sido a repercussão da Wanda?

É muito legal porque o que eu vejo é como as pessoas me enxergavam. Elas dizem:  “Bacana seu trabalho, gosto muito”. Acho que, como a Wanda é muito má, as pessoas não gostam dela e, ao mesmo tempo, gostam de mim, da Totia. É muito legal isso. O primeiro impacto das pessoas quando me veem é vir me dar os parabéns. Dizem: “Parabéns, mas eu estou te odiando” (risos). Isso é legal, eles estão vendo um trabalho.



Esta é sua quarta novela da Gloria Perez. Antes, você atuou em “O Clone”, de 2001, “América”, de 2005, “Caminho das Índias”, de 2009, e também fez uma participação na minissérie “Amazônia – De Galvez a Chico Mendes”, exibida em 2007. Ter tido tanto contato com o texto da autora facilita o seu trabalho em “Salve Jorge”?

A Gloria tem uma coisa muito boa. Como ela escreve sozinha, tem uma maneira de escrever que é muito fácil e ela se adapta ao nosso falar. A Gloria escreve para o ator, então ela já sabe como ele vai falar. O texto vem com muita facilidade de decorar. Às vezes, ela muda e escreve do seu jeito de falar. Por exemplo, eu falo muito “ah, imagina”. E toda hora no texto vem um “imagina”. Quando você está fazendo uma novela que tem vários colaboradores, às vezes, eles fazem um rodízio. Aí, quando chega o texto, você não consegue decorar direito. Sinto uma diferença total na mão da pessoa que está escrevendo. Com a Gloria é muito fácil.



Você nunca interpretou uma protagonista e agora vive o papel de maior destaque em sua carreira. Até que ponto o tamanho dos personagens dentro de uma trama é relevante para você?

Todo personagem que é ligado à trama principal tem muito mais chance de aparecer, de crescer muito mais. Mas eu já vi tantas histórias paralelas que deram muito certo. Então, hoje em dia, é difícil. Claro que, quando você pega um personagem, quer que seja bacana, que tenha história, que aconteça. Você não quer ser só a orelha do outro, você quer fazer alguma coisa, quer contar alguma história da sua personagem. Acho que, hoje em dia, há tantas possibilidades que é difícil a gente não aceitar algum papel porque é pequeno. Você pode virar o jogo.



O que leva em consideração antes de aceitar um papel?

Acho que o momento. Em uma obra aberta, eu já tive várias surpresas. Em “O Clone” foi uma surpresa porque eu entrei para fazer só a primeira parte. Teve uma passagem de tempo na novela, entravam alguns personagens e outros saíam. Na primeira cena que eu gravei com a Vera Fisher, o Marcos Schechtman (diretor) perguntou se já havíamos trabalhado juntas e eu disse que era a primeira vez. E ele falou: “Vocês têm uma química muito boa, acho que você vai sobreviver à primeira fase”. Eu entrei na novela para fazer 30 capítulos e fiz a novela inteira. Isso é legal porque você nunca sabe o que esperar do personagem.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

opinião e a liberdade de expressão

Manoel Messias Pereira

Manoel Messias Pereira
perfil

Pesquisar este blog

Seguidores

Arquivo do blog