sábado, 23 de fevereiro de 2013

Musa Gitanas

Do brusco encontro das nuvens,
todas saíram feridas
e, em lágrimas desfeitas,
cai a chuva em borbotões.
A mão pesada do vento
vergasta com seu chicote
o arvoredo infeliz.
As árvores se ajoelham,
-o dorso inteiro curvado-
sobre o chão todo molhado
da terra roxa e madura.
Depois da chuva passada
vêm das ondas hertzianas
as musas - louras gitanas
que pulverizam o mundo
com beleza e com a sorte.
Vêm tocando cornamusas
-são lunáticas as musas-
que me dão inspiração.
Com sutis panejamentos
esvoaçam e perfumam
no meu ego os pensamentos.
Desmaterializam tudo,
aplainando as saliências
com suas flores, - flores de ópio
que têm seu efeito próprio.
Nos radares, nos eflúvios,
nas crateras dos vulcões
como lavas de topázio
vivem musas a bailar.
Sobre os fios telegráficos,
tecem misteriosos gráficos
com seus dedos de presságios.
Evanescem, se irradiam,
bailam, bailam, rodopiam,
desenvoltas, caprichosa.
Verde-fogo elas ateiam
sugerindo elas me enleiam,
sopram versos pra mim. . .
Depois, juntas, rodopiamos
pelos mares de água fria
porejando poesia
pelo mundo do sem fim.


Elisa Barreto

poetisa brasileira

São Paulo -Lapa- Capital.


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