terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O fim

Eu sou Eu, velho Pai Olho de Peixe que procriou o oceano, o verme no meu próprio ouvido, a serpente enrolada na árvore,
Sento-me na mente do carvalho e me oculto na rosa, sei se alguém desperta, ninguém a não ser a minha morte,
vinde a mim corpos, vinde a mim profecias, vinde a mim agouros, vinde espíritos e visões,
Eu recebo tudo, morro de câncer, entro no caixão para sempre, fecho meu olho, desapareço,
caio sobre mim mesmo na neve de inverno, rodo numa grande roda pela chuva, observo a convulsão dos que fodem,
carros guincham, fúrias gemem suas músicas de fagote, memória apagando-se no cérebro, homem imitando cães,
gozo no ventre de uma mulher, a juventude estendendo seus seios e coxas para o sexo, o caralho pulando para dentro derramando sua semente nos lábios de Yin,
feras dançam no Sião, cantam ópera em Moscou,
meus garotos excitados ao crepúsculo nas varandas, chego a Nova York, toco meu jazz num Clavicêmbalo de Chicago,
Amor que me engendrou retorno a minha Origem sem nada perder, flutuo sobre o vomitório
empolgado por minha mortalidade, empolgado por essa infinitude na qual aposto a qual enterro,
vem Poeta, cala-te, como minha palavra e prova minha boca no teu ouvido.



Allen Gisberg
poeta norte americano


Nota - Salmo Mágico, a Resposta & Fim registram visões experimentadas depois de tomar Ayahuasca, uma porção espiritual do Amazonas. A mensagem é alargar a área da consciência.
A.G

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Manoel Messias Pereira

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