João Batista de Andrade: a trajetória de um cineasta brasileiro ao longo da história recente do Brasil
por Rodrigo Francisco Dias
As produções artísticas estão sempre relacionadas com os seus respectivos contextos históricos de produção. Um interessante exemplo disso pode ser verificado na análise da trajetória artística do cineasta brasileiro João Batista de Andrade.
João Batista de Andrade[2] nasceu na cidade mineira de Ituiutaba no ano de 1939, em uma família de classe média composta por seis filhos, com a mãe professora e o pai lavrador. Aos dezesseis anos de idade mudou-se para a cidade de Uberaba, a fim de fazer o curso científico na escola do escritor Mário Palmério. Dois anos depois acabaria por se mudar para a cidade de Belo Horizonte, onde terminou o curso científico. O futuro cineasta mudou-se mais uma vez, em 1959, para a cidade de São Paulo, com o intuito de prestar o exame vestibular para o curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP.
Durante o período de cursinho, João Batista de Andrade foi chamado para frequentar o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais de Reserva) por dois anos. Tal experiência foi importante para gerar em João Batista, já nesses anos que antecediam o período da Ditadura Militar Brasileira, um sentimento de repudio à cultura militar. O jovem acabou por conseguir a aprovação no vestibular para a faculdade de Engenharia de Produção, o que daria início a um importante período de sua vida.
De fato, os anos universitários foram fundamentais para a formação política de João Batista de Andrade. Era o início dos anos 1960 e a sociedade brasileira passava por um momento de grande mobilização popular. De acordo com a historiadora Lucília de Almeida Neves, tal mobilização popular já se fazia presente na sociedade brasileira desde o fim dos anos 1950:
A segunda metade dos anos 50 foi marcada pela utopia da modernização desenvolvimentista implementada no país a partir do Governo JK. Foi também um contexto de intensa mobilização da sociedade civil e das instituições políticas que compõem a estrutura estatal. O clima efervescente da época ressoava em um parlamento politizado e atuante e concretizava-se por meio de uma mobilização ativa dos partidos políticos e pela cotidiana manifestação de organizações da sociedade civil como as Ligas Camponesas, a União Nacional dos Estudantes, as Comunidades Eclesiais de Base e os Sindicatos.[3]
Os anos JK trouxeram, de fato, importantes transformações para a sociedade brasileira: a construção de Brasília, o aumento do ingresso de capitais estrangeiros no país, a construção de uma grande rede rodoviária, a aceleração do processo de industrialização etc. Todas essas mudanças no país geraram um sentimento de crença no desenvolvimento econômico e social do Brasil, sentimento esse marcado por um forte tom de nacionalismo. Nas palavras de Marcelo Ridente,
Florescia um sentimento de brasilidade ao mesmo tempo romântico e revolucionário. Buscava-se, no passado, uma cultura popular cujas raízes dariam sustentação a uma nação moderna, que acabasse com o subdesenvolvimento e as desigualdades. Combatia-se o latifúndio; propunha-se a reforma agrária; o “povo brasileiro” era glorificado e conclamado a realizar sua revolução, afinada com as lutas dos pobres da América Latina e do Terceiro Mundo.[4]
Como se observa, o período que vai do fim dos anos 1950 ao início dos anos 1960 foi marcado por transformações no Brasil, transformações essas que vieram acompanhadas de um intenso florescimento político e cultural que em muito contribuiu para a mobilização política e social da época. É preciso dizer que essas transformações não estavam em curso apenas no nosso país, mas em várias partes do mundo, notadamente na América Latina e no Terceiro Mundo em geral. De fato, “desde o final dos anos 50, a Europa vinha assistindo a uma inédita sucessão de guerras de descolonização, que alteraram definitivamente o perfil, não apenas econômico, mas sobretudo cultural do chamado Primeiro Mundo”.[5] Esse processo das descolonizações foi importante para a intensa mobilização política e popular que se verificou, nas décadas de 1950 e de 1960, em vários países subdesenvolvidos, uma vez que esses países se viam marcados por uma gritante desigualdade social. As descolonizações representaram, à época, a possibilidade de mudanças na ordem social, política e econômica vigente no Terceiro Mundo.
Sobre as sociedades nas quais ocorriam todas essas transformações, Marcelo Ridenti afirma que elas
compartilhavam algumas condições materiais, como o aumento e a diversificação das classes médias, a urbanização crescente, a consolidação de culturas e modos de vida típicos das metrópoles, o maior acesso ao ensino superior, a presença expressiva da juventude na composição etária da população, a dificuldade dos poderes estabelecidos para representar sociedades que se renovavam, certa democratização do avanço tecnológico que estabelecia o que então se convencionou chamar “sociedade de consumo”.[6]
Ora, é em meio a esse contexto urbano marcado por uma efervescência cultural e política, onde os jovens estudantes universitários exerciam um papel importantíssimo na mobilização política e popular, que João Batista de Andrade começou a participar do movimento estudantil ao final do ano de 1961 e integrou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Entrou também para a União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo. Neste período de forte politização de toda a sociedade brasileira, Batista de Andrade conseguiu uma rápida ascensão dentro do PCB. O jovem mineiro vivia
um momento político delicado, mas muito estimulante, desde a renúncia de Jânio em 61, quando Jango assume a presidência e abre a possibilidade de grandes reformas sociais. Nesse quadro, e à luz das rebeliões internacionais, nossos intelectuais, artistas e estudantes de esquerda tomam consciência da estrutura profunda e dos mecanismos de nossas desigualdades sociais e econômicas, ou seja, tomam consciência de um outro lado do Brasil, um lado nativo, e engajam-se no que seria uma arte popular revolucionária ou numa forma peculiar de engajamento cultural, diretamente relacionada com as formas da militância política, do ponto de vista da experiência social e do empenho na luta cultural.[7]
Nesse contexto histórico de busca por reformas sociais e marcado pela tentativa de se unir arte e política, em um movimento de engajamento cultural, João Batista de Andrade foi cada vez mais mergulhando no mundo da política, deixando os estudos de lado. No ano de 1962 foi morar na Casa do Politécnico, onde conviveria com vários outros estudantes universitários, igualmente engajados na política. Já no ano seguinte, ao lado de Francisco Ramalho Jr., José Américo Vianna e Clóvis Bueno, todos estudantes da Politécnica da USP, Batista de Andrade criou o Grupo Kuatro de Cinema. Tal grupo se caracterizou pela influência do cinema polonês, sobretudo dos diretores Andrzej Wajda e Jerzy Kavalerowicz, além da influência da Nouvelle-Vague, do documentarista latino-americano Fernando Birri, do Neo-Realismo Italiano e do cineasta japonês Nagisa Oshima. O cinema feito pelo Grupo Kuatro, ainda que com filmes que não foram sequer finalizados, já era ocupado pela busca de uma arte cinematográfica politizada que trouxesse questões políticas e sociais.
É preciso dizer que a arte engajada não era uma atividade exclusiva do Grupo Kuatro de Cinema, uma vez que
São inúmeros os exemplos artísticos dessa onda revolucionária, desde a dramaturgia do Teatro de Arena de São Paulo e de autores como Dias Gomes, passando pela trilogia clássica do Cinema Novo (Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, Os fuzis, de Ruy Guerra, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, todos eles filmados em 1963 e exibidos depois do golpe de 1964), até a canção engajada de Carlos Lyra e Sérgio Ricardo, ligados aos Centros Populares de Cultura (CPCs) da União Nacional dos Estudantes – que se dedicavam à agitação e propaganda da revolução brasileira por meio das artes. Essa produção pode ser aferida em livros como aqueles da coleção de poemas Violão de Rua, cujo autor mais expressivo foi Ferreira Gullar, ou ainda nos episódios do filme Cinco vezes favela, dirigidos por cineastas como Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade e Cacá Diegues.[8]
Teatro, cinema, música e literatura. Como se vê, as mais variadas formas de manifestações artísticas estavam envolvidas no clima de engajamento político da época. Tal fato era tão intenso e, de certa forma, tão inédito na história do Brasil, que gerou nos intelectuais da época a crença de que nosso país vivia de fato uma “revolução”. No entanto, toda essa mobilização política na sociedade brasileira não era bem vista por parte dos setores conservadores da sociedade. Como bem lembra Lucília de Almeida Neves,
A sociedade civil mobilizada e com capacidade de crescente influência sobre as decisões do governo representava, para os setores que conformavam a oposição aos governos “nacionais-desenvolvimentistas”, uma ameaça efetiva de transformação das ações governamentais em uma política concreta de reformas sociais. Apresentava também um potencial de autonomia incontrolável. As manifestações nacionalistas adquiriam conotação não-aceitável para investidores internacionais, setores do capital nacional, proprietários rurais e para a maior parte dos integrantes de partidos como a UDN e o PR. Seus corolários eram a reforma agrária e os projetos de conteúdo popular, como o da extensão do direito de voto aos analfabetos e praças de pré. O coro reformista nacionalista passou a ser ouvido como um desconforto cada vez mais acentuado pelos referidos setores.[9]
O resultado dessa crescente oposição ao projeto reformista é conhecido por todos: o golpe militar de 1964. O golpe foi um forte choque para todos aqueles que participavam da mobilização política popular do início dos anos 1960, choque que “desarmou, de uma vez, os projetos e estratégias de transformação social, pela via do confronto entre classes”[10], projetos esses baseados na utopia de um país desenvolvido e socialmente transformado.
Com a tomada do poder pelos militares, João Batista de Andrade teve que sair da Casa do Politécnico por razões de segurança, já que era um militante de esquerda. Toda a perplexidade e tristeza geradas pelo golpe militar podem ser observadas na fala do próprio cineasta: “A tristeza me dominou de uma vez, enquanto eu perambulava feito um perdido pelas ruas, sem saber o que fazer”.[11] Os anos iniciais da ditadura marcaram uma nova fase na vida de João Batista de Andrade, com o casamento, em 1966, e o nascimento do primeiro filho, Fernando, no mesmo ano. O aspirante a cineasta se viu, então, na necessidade de trabalhar para sustentar a família, e, devido a tal necessidade, montou junto com alguns amigos um cursinho preparatório para o vestibular, cursinho que fecharia as portas no segundo ano de existência.
Depois do fracasso do cursinho, João Batista foi trabalhar na Fundação Cinemateca Brasileira, fazendo releases para diversos jornais. Posteriormente, trabalhou na Sociedade Amigos da Cinemateca, em uma época de intenso convívio com pessoas ligadas ao Cinema Novo, como Cacá Diegues e Leon Hirszman, além do contato com importantes nomes do cinema paulista, como Jean-Claude Bernardet, Maurice Capovilla, Roberto Santos e Luiz Sérgio Person.
Ainda no ano de 1966, João Batista começou a filmar o seu primeiro filme solo, o documentário “Liberdade de Imprensa”, que teve sua produção financiada pelo movimento estudantil. Trata-se de um filme a respeito da repressão, já presente nos primeiros tempos de ditadura. A obra foi produzida em uma época muito difícil para o cinema paulista, uma vez que os cineastas contavam basicamente com os escassos recursos financeiros da Boca do Lixo[12], para produção e distribuição de filmes. No ano seguinte, após “Liberdade de Imprensa” ser finalizado, o cineasta criou a Tecla Produções Cinematográficas Ltda., ao lado de Francisco Ramalho Jr., João Silvério Trevisan e Sidney Paiva Lopes. Já com Luiz Sérgio Person, criou a distribuidora RPI – Filmes Brasileiros em Distribuição, apesar da oposição feita pelos cineastas cariocas do Cinema Novo, que haviam criado a Difilm. Aliás, segundo o próprio cineasta, o cinema carioca se diferenciava do cinema paulista, principalmente por que o cinema carioca “sempre foi politicamente mais eficaz, com muita capacidade de articulação com os diversos poderes e mesmo criatividade diante de dificuldades do cinema brasileiro”[13], sempre tendo mais recursos do que o cinema paulista.
Nesse período o cineasta sofreu uma grande decepção. O filme “Anuska”, dirigido por Francisco Ramalho Jr. e produzido pelo próprio João Batista de Andrade, foi um fracasso total, apesar da presença do ator Francisco Cuoco. O fracasso de “Anuska” deixou muitas dívidas para a Tecla, o que impossibilitou a realização de um projeto de João Batista intitulado “O Saque”.
Começou, então, o ano de 1968, ano emblemático para a história do país e do mundo, e que trouxe grandes complicações para a vida pessoal de João Batista de Andrade. De fato, no ano de 1968 houve um aumento na oposição feita à ditadura militar. Houve forte agitação na cultura brasileira, com as músicas de protesto, o festivais, o Teatro Oficina de Zé Celso, o cinema etc. Tal mobilização fez com que o governo militar reagisse através do AI-5, começando assim um processo de aumento da violência usada pelas forças da repressão. A política brasileira assistiu ao um processo de divisão interna dentro do PCB, com a ala moderada apoiando Luis Carlos Prestes de um lado, e a ala mais radical apoiando a luta armada de Carlos Marighela, do outro lado. Conforme afirma Jacob Gorender,
após o impacto de derrotas e no ambiente de refluxo do movimento de massas, em condições de clandestinidade cada vez mais densa, quando o intercâmbio flui através de precários canais, prevalece a tendência à fragmentação, às cisões repetidas. São as fases de rachas, de divisões e subdivisões, às vezes motivadas por questões secundárias ou pelas rivalidades personalistas.[14]
Esses “rachas” dentro do PCB se deram em um contexto de aumento feroz na repressão da ditadura aos seus oposicionistas. Foi nesse momento que certos segmentos da esquerda optaram por uma radicalização, através da luta armada. É nesse período que surgem movimentos como a ALN (Ação Libertadora Nacional), liderada por Marighela; o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário); o PC do B (Partido Comunista do Brasil); e diversos outros movimentos, onde a questão central girava em torno da luta armada e das formas de realizá-la. Foi um período de extrema radicalização na política brasileira, tanto por parte da direita governista, quanto por parte da esquerda.
Neste período, João Batista de Andrade preferiu adotar uma postura contrária a qualquer forma de radicalização. O resultado dessa postura, segundo o próprio diretor, acabou sendo o isolamento:
Com essa posição anti-luta armada – e já sem o balizamento partidário – eu fui entrando num processo de isolamento muito grande. Muitos de meus amigos radicalizaram suas vidas por dois caminhos que eu recusei. Um, o da luta armada. O outro, o das drogas. Assim, com minha carreira cinematográfica inviabilizada, desamparado ideologicamente e isolado de muitos amigos, eu realmente entrei em parafuso. É um período difícil de reproduzir.[15]
Como se vê, além de dificuldades enfrentadas por João Batista na esfera da política, o cineasta também enfrentou dificuldades nas esferas pessoal e profissional. Para começar, os militares apreenderam as cópias de “Liberdade de Imprensa” no Congresso da UNE, em Ibiúna, no mesmo ano de 1968, o que prejudicou a distribuição do filme. O cineasta sofreu também com a perda de vários amigos, como Antônio Benetazzo, mortos pelo regime. Seu segundo filho, Vinicius, nasceu, e garantir a sobrevivência da família passou a ser uma tarefa cada vez mais difícil, devido aos apuros financeiros. Para ganhar dinheiro, João Batista fez dois filmes institucionais/comerciais para Romain Lesage, um intitulado “Erradicação Cafeeira” e um outro sobre a Usiminas.
O ano de 1969 trouxe uma mudança importante na vida do cineasta. A convite de Rudá de Andrade, João Batista foi lecionar cinema na Escola de Comunicação e Artes da USP. Paralelamente, continuou a trabalhar com Luiz Sérgio Person na distribuidora RPI. Neste período o cineasta dirigiu o episódio “O Filho da Televisão”, episódio que fez parte do longa “Em Cada Coração um Punhal”.[16] “O Filho da Televisão” é uma obra que faz uma forte crítica ao consumismo e ao domínio da TV na sociedade. O ano de 1969 também foi o ano em que João Batista de Andrade dirigiu “Gamal – O Delírio do Sexo”, obra importante dentro do Cinema Marginal e que, segundo o diretor, dialoga com o momento vivido por ele no fim dos anos 1960: “o que o filme [“Gamal”] representava mesmo – e porque não? – era a minha crise pessoal, a falta de perspectiva, o isolamento.”.[17] “Gamal” ganhou dois prêmios no Air France de 1970: Diretor Revelação e Melhor Atriz (para Joana Fomm).
A “crise” representada em “Gamal” também seria recorrente em toda a filmografia posterior do diretor. Nas palavras do próprio cineasta, “talvez seja essa a marca do meu cinema: a crise. Uma crise matizada pela minha formação pessoal, as esperanças alimentadas em 64 e o fim dessas ilusões. De certa forma me vejo, em toda minha trajetória, tentando me recompor dessa perda.”[18]
Já o início dos anos 1970 se revelou como um período diferenciado na vida do diretor. A convite da Comissão Estadual de Cinema de São Paulo, Batista realizou a trilogia “Panorama do Cinema Paulista”, ao lado de Jean-Claude Bernardet. Foi um momento em que a crise pessoal do cineasta, crise essa iniciada em 1964, abrandou-se e João Batista de Andrade começou a encarar melhor a realidade ditatorial do país, sem nunca perder, todavia, o senso crítico:
[...] eu estava de bem com a vida, cheio de projetos, com uma visão crítica mais aguçada. E com uma disposição muito grande de retomar minha carreira como documentarista, num projeto que representasse uma clara oposição à imagem oficial do país, transmitida sistematicamente pela TV. Meu desejo era mostrar o Brasil real, injusto, silenciado durante a ditadura, uma visão oposta ao mundo ilusório dos filmezinhos institucionais e mesmo dos noticiários de TV, que mostravam um país cordial, sem greves, sem miséria, sem conflitos.[19]
Como se vê, a boa fase na vida pessoal veio acompanhada de um desejo de realizar novos projetos no campo profissional. Ao encontro desse desejo, veio o convite de Vladimir Herzog e Fernando Jordão, em 1971, para que João Batista integrasse a equipe do programa “Hora da Notícia” da TV Cultura, na função de repórter especial. Foi o início de um rico e instigante período na vida do cineasta. No “Hora da Notícia”, João Batista de Andrade fez reportagens que denunciavam os problemas sociais do país, problemas esses que eram ocultados pelo regime militar. O esforço do diretor era exatamente o de desconstruir a “imagem oficial do país”, imagem essa que era propagandeada pelo governo e que tinha como alicerce a ideia do “milagre econômico”.
De acordo com Maria D’Alva G. Kinzo,
O chamado "milagre brasileiro" do período 1967-73 teve como sustentáculo, por um lado, os resultados obtidos pela política de estabilização de 1964-67 e, por outro, uma política de desenvolvimento que consolidou e intensificou o modelo de substituição de importações que reservava ao Estado um papel empreendedor ainda mais importante.[20]
De fato, o período do chamado “milagre econômico” foi marcado por expressivos índices de desenvolvimento econômico, conquistados graças ao forte papel assumido pelo Estado na economia. Todavia, a melhoria da distribuição da renda não acompanhou esse crescimento econômico. Como bem disseram Maria Hermínia Tavares de Almeida e Luiz Weis, a conjuntura histórica do “milagre econômico”
É, por excelência, o tempo da tortura, dos alegados desaparecimentos e das supostas mortes acidentais em tentativas de fuga. É também, para a classe média, o tempo de melhorar de vida. O aprofundamento do autoritarismo coincidiu com, e foi amparado por, um surto de expansão da economia – o festejado “milagre econômico” – que multiplicou as oportunidades de trabalho, permitiu a ascensão de amplos setores médios, lançou as bases de uma diversificada e moderna sociedade de consumo, e concentrou a renda a ponto de ampliar, em escala inédita no Brasil urbanizado, a distância entre o topo e a base da pirâmide social.[21]
Se levarmos em consideração essa análise histórica, temos que o período do “milagre” foi marcado por uma grande complexidade. No mesmo contexto tinha-se um Estado bastante autoritário, com torturas e assassinatos servindo de mecanismos para o exercício da dominação e do poder, bem como um desenvolvimento econômico que beneficiou determinados setores da sociedade, notadamente a classe média. Todavia, tratou-se de um período que também foi marcado pelo aumento da desigualdade social, com o distanciamento cada vez maior entre o topo e a base da pirâmide social brasileira. Dito de maneira bastante clara, temos que “nem tudo eram flores” no tempo do “milagre econômico” e, se havia melhoria de vida para uns, havia arrocho salarial e violência para outros.
Dentro desse complexo contexto histórico, João Batista tinha o desejo de produzir
um cinema cheio de conflitos e denúncias, inquieto, ligado à vida brasileira, colado às questões sociais e políticas. Pensava muito como se deveria agir para se opor à ilusória imagem de sonho e paz que o regime militar impunha à sociedade por meio, principalmente, da TV.[22]
Objetivando a produção de uma arte cheia de conflitos, uma arte que mostrasse os embates que estavam acontecendo durante o chamado “milagre econômico”, o cineasta procurou explorar a complexidade da realidade social brasileira em seus trabalhos no “Hora da Notícia”. O desejo de Andrade era mostrar, através das suas reportagens, a contradição entre a propaganda oficial e a realidade vivenciada pelas pessoas das classes populares. Nesse período foram realizadas reportagens como “Trabalhadores Rurais” (1972), “Migrantes” (1972), “Ônibus” (1973) e “Pedreira” (1973), reportagens que podem ser tomadas como exemplos do trabalho que o cineasta realizou na televisão.
Dessas reportagens, talvez “Migrantes” seja a que mereça maior destaque. A reportagem mostrou a dura realidade dos migrantes nordestinos que, após chegarem a São Paulo, acabavam sendo marginalizados pela sociedade paulistana, sofrendo com problemas como o desemprego. Em tempos de ditadura, um programa como o “Hora da Notícia” evidentemente acabaria por sofrer com pressões políticas, inclusive por parte das próprias instâncias superiores das TV Cultura, que criticavam o hábito de João Batista de Andrade de filmar pessoas desarrumadas e que não falavam a língua portuguesa da forma correta. A pressão política também veio por parte do governo, que chegou a censurar o programa em alguns momentos. João Batista chegou a ser proibido de filmar para o programa durante um tempo. Toda essa pressão contra o programa, também vinda de setores conservadores da sociedade, diga-se de passagem, chegou a tal ponto que os integrantes do grupo do “Hora da Notícia” foram, um a um, sendo demitidos da TV Cultura.
É importante dizer que as reportagens de João Batista de Andrade eram exibidas em igrejas, sindicatos, associações de bairros e centros acadêmicos. Essas exibições geravam discussões nesses espaços, em um momento em que a sociedade brasileira procurava, aos poucos, retomar as discussões que haviam sido duramente interrompidas pela ditadura. Dito isso, temos que as reportagens do cineasta serviram de ferramentas dentro do amplo processo de mobilização popular nos anos 1970.
Após sair da TV Cultura, em 1974, João Batista foi contratado pela TV Globo de São Paulo. Era o período do fim do “milagre econômico”, do início de uma crise econômica e do aumento da mobilização política por parte de certos setores da sociedade, cada vez mais desejosos de uma “abertura política”.
João Batista levou para a TV Globo a concepção de que a televisão precisava mostrar o povo brasileiro, com todos os seus problemas sociais, e não apenas pessoas famosas e/ou ligadas ao governo. Na Globo, o cineasta fez especiais para vários programas, como o “Domingo Gente”, o “Esporte Espetacular”, o “Fantástico” e o “Globo Repórter”, por exemplo. Por sempre adotar um tom de crítica, alguns trabalhos de Batista de Andrade na Globo tiveram a exibição restrita apenas para o estado de São Paulo. Dois exemplos foram: o filme “A Batalha dos Transportes” (1974), feito para o “Globo Repórter”, filme que mostrou as deficiências do transporte urbano em pleno ano de eleições e de mudança na presidência da República com a posse do general Geisel; e o filme “A Escola de 40 Mil Ruas” (1975), obra que retratou a miséria das ruas de São Paulo, sendo o primeiro filme a mostrar o lado interno da Febem.
No ano de 1975 o cineasta realizou o especial “O Jogo do Poder”, para o programa “Esporte Espetacular”. Esse especial abordou as eleições para a presidência do Sport Club Corinthians Paulista, onde os torcedores não tinham direito a voto, direito esse reservado apenas aos sócios. Esse especial funcionou, à época, como uma alegoria da situação política brasileira, na qual o direito ao voto para a Presidência da República era restrito apenas aos membros do Colégio Eleitoral, o qual era dominado pelo governo militar.
Já para o “Fantástico”, João Batista de Andrade realizou “O Lenhador de Automóveis”, matéria sobre um homem que desmanchava automóveis e sobre os catadores de lixo do lixão da Raposo Tavares. Também para o “Fantástico” foi realizado o filme “Vidreiros”, cujo tema era a luta dos trabalhadores da indústria de vidros por melhores salários. Ainda em 1975, Batista de Andrade dirigiu o filme “Restos”, sobre a vida dos catadores de lixo do lixão de São Paulo. “Restos” foi produzido pela Raiz, produtora de cinema criada por João Batista de Andrade e por Assunção Hernandes, sua esposa, em 1974.
Esse período da História do Brasil foi marcado por um aumento da luta pela abertura política, por parte de vários setores da sociedade. Mas a repressão por parte do governo também aumentou, sendo emblemático na época o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, amigo pessoal de João Batista de Andrade, o que fez com que o cineasta ficasse muito abalado emocionalmente. Esse período histórico foi, de fato, marcado por uma ambiguidade na política brasileira: ao mesmo tempo em que o governo Geisel buscava realizar uma abertura política “lenta, gradual e segura”, a ditadura continuava a usar os mecanismos de violência na repressão política a opositores do regime.
Batista de Andrade ainda fez para o “Globo Repórter” os especiais “Guitarra contra Viola”, “Volantes”, “Mão de Obra Rural” e “Desaparecidos”. Porém, o cineasta começou a planejar a sua volta definitiva para o cinema. Antes de realizar tal empreitada, o diretor fez o filme “Caso Norte” (1977), também para o “Globo Repórter”, filme sobre um homicídio na periferia de São Paulo, o qual envolvia migrantes nordestinos. Mas a grande realização de João Batista em 1977 foi mesmo dentro do campo do cinema: o filme “Doramundo”, adaptação do livro homônimo de Geraldo Ferraz, um romance baseado em fatos reais ocorridos em Paranapiacaba, fatos esses ligados a uma série de misteriosos homicídios de ferroviários. Contando com as presenças de Antonio Fagundes, Irene Ravache e Rolando Boldrim no elenco, além de ser financiado pela Embrafilme, “Doramundo” foi premiado no Festival de Gramado com os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Cenografia.
No ano seguinte, 1978, João Batista decidiu dar uma virada em sua vida e demitiu-se da ECA e também da TV Globo. A intenção do cineasta era a de se dedicar exclusivamente ao cinema. Todavia, o diretor ainda faria alguns trabalhos para a TV Globo, como o especial “1932-82, a Herança das Idéias” (1982), obra que, ao falar da Revolução de 1932, procurou mostrar a necessidade de uma nova Constituição para o país naquele momento de aproximação do fim da ditadura, já no governo do General Figueiredo. Outro trabalho que também seria feito para a TV Globo foi o filme “Wilsinho Galiléia” (1978), mistura de ficção e documentário que buscou retratar a história real do bandido Wilsinho Galiléia, morto pela polícia aos 18 anos de idade. Ao apresentar um retrato ao mesmo tempo cruel e carismático do bandido, o filme foi proibido pela censura, que o acusou de mostrar um bandido como um verdadeiro herói. Os negativos dessa obra somente seriam recuperados depois de muitos anos, quando o filme finalmente começou a ser exibido em festivais em 2002.
Já em 1979, João Batista de Andrade fez dois documentários muito importantes a respeito do movimento sindical: “Greve!” e “Trabalhadores: Presente!”. Os dois filmes tratam do movimento trabalhista do fim dos anos 1970, com destaque para o movimento grevista dos metalúrgicos do ABC paulista. As duas obras procuram problematizar os movimentos trabalhistas, mostrando as dificuldades na organização dos trabalhadores naquele momento. Os dois filmes foram largamente distribuídos pelo movimento cineclubista, movimento esse que funcionou como uma alternativa ao circuito convencional dos cinemas no qual “Greve!” e “Trabalhadores: Presente!” não foram liberados para a distribuição. De qualquer modo, as duas obras foram premiadas: “Greve!” ganhou o Prêmio Especial do Júri, no I Festival do Cinema Latino-Americano em Havana no ano de 1979; já “Trabalhadores: Presente!” rendeu a João Batista de Andrade o prêmio de Melhor Diretor, no Festival de Brasília de 1979.
Segundo Laís Wendel Abramo,
a greve de 1978 foi também o resultado da configuração específica de uma conjuntura bastante peculiar, marcada por uma aguda crise de legitimidade do regime militar e pela presença ativa de outros setores sociais na luta por liberdades democráticas, especialmente o Movimento Estudantil.[23]
Como se vê, o movimento grevista foi parte importante de toda a mobilização popular corrente ao fim dos anos 1970, cujo objetivo comum era a luta pelo fim da ditadura. É pela relevância desse movimento que “Greve!” e “Trabalhadores: Presente!” são obras cinematográficas muito instigantes, sobretudo do ponto de vista historiográfico.
A década de 1970 foi, de fato, um período bastante rico na trajetória artística e intelectual de João Batista de Andrade. Vale lembrar que nesse período o cineasta se tornou um dos nomes mais expressivos de um movimento de documentaristas chamado de “Cinema de Rua”. Sobre os filmes feitos pelos integrantes desse movimento, o diretor diz que “Os filmes, sobre transporte, habitação, acidentes de trabalho, migração, periferia urbana, etc., eram usados para ajudar na própria organização – ou reorganização – de sindicatos, clubes, associações, com discussões a respeito dos temas tratados.”.[24] Os filmes do “Cinema de Rua”, de forte teor crítico a respeito do contexto social, político, econômico e cultural do país, foram largamente distribuídos por todo o Brasil graças ao movimento cineclubista e à Dinafilmes, distribuidora do movimento.
Nos anos 1970 João Batista teve também uma forte atuação institucional dentro do campo do cinema. O cineasta participou da criação da APACI (Associação Paulista de Cineastas), entidade criada com o intuito de fortalecer o cinema autoral de São Paulo frente ao cinema comercial feito na Boca do Lixo. A APACI também procurou defender o cinema de São Paulo no sentido de garantir que os recursos da Embrafilme não continuassem sendo, majoritariamente, utilizados apenas no cinema carioca.
A década de 1980 começou para o diretor com uma grande realização no campo profissional: o filme “O Homem que Virou Suco” (1980). O filme conta a história de Deraldo, um poeta nordestino que, vivendo em São Paulo, se vê na condição de fugitivo ao ser confundido com Severino, um outro nordestino que havia assassinado o próprio patrão. Ao longo da narrativa, Deraldo trabalha em vários empregos para tentar sobreviver, sempre reagindo violentamente a qualquer forma de opressão e de humilhação, normalmente impostas a migrantes nordestinos que vivem na capital paulista. O protagonista decide encontrar o verdadeiro assassino, a fim de saber sobre sua história de vida e escrever a respeito dela. Ao fim do filme Deraldo encontra Severino em um estado de intensa loucura.
“O Homem que Virou Suco” é uma obra que retrata as dificuldades dos migrantes nordestinos. Protagonizado pelo ator José Dumont, o filme foi um fracasso de bilheteria, sobretudo devido à presença de produções norte-americanas que sufocavam a produção nacional.[25] A obra somente fez sucesso no circuito convencional depois de conquistar a Medalha de Ouro, de Melhor Filme, no Festival Internacional de Moscou, em 1981. Porém, é preciso deixar claro que o filme apenas circulou com força dentro dos circuitos alternativos cineclubistas, principalmente em associações de nordestinos, sindicatos etc.
No ano de 1983 João Batista de Andrade lançou o longa “A Próxima Vítima”, estrelado por Antonio Fagundes. No filme, um repórter (Fagundes) investiga uma série de homicídios cometidos contra mulheres no bairro do Brás, em São Paulo, mergulhando cada vez mais em um universo de miséria e violência, à medida que a investigação avança. Um dado interessante a respeito de “A Próxima Vítima” é o fato de que o diretor teve que lutar na justiça para garantir que o filme fosse lançado sem cortes.
Dois anos depois o cineasta realizaria o documentário “Céu Aberto”. Trata-se de um documentário que acompanha os momentos de transição da ditadura para a democracia, usando como ponto referencial o processo de eleição, doença e morte de Tancredo Neves. O filme vai fundo no processo de redemocratização, revelando as complexidades daquele momento da história do país, mostrando as esperanças e as desconfianças em relação ao futuro do Brasil. A obra ganhou o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio de Melhor Filme OCIC (Office Catholic International du Cinema), no Festival Internacional do Rio, em 1985; além do Prêmio Especial do Júri, no Festival de Aveiro (Portugal), em 1986, e do Prêmio Especial do Júri, em Caxambú, também em 1986.
1987 foi ano do lançamento de “O País dos Tenentes”. O filme conta a história de um militar que, apesar de ter participado do movimento tenentista durante a juventude, passou a usar de sua posição no governo para defender os interesses de multinacionais, durante sua velhice. Protagonizado por Paulo Autran, o filme tem como tema a perda dos valores ideológicos e a adesão ao sistema capitalista.
Os anos 1990 começaram com uma grande decepção para o cineasta: a impossibilidade de realizar “Vlado”, filme que teria como tema a história de Vladimir Herzog, impossibilidade essa provocada pela falta de apoio financeiro por parte do governo. João Batista de Andrade decidiu partir para um “exílio”, no interior de Goiás, onde se dedicou ao desafio de fazer cinema no interior do país. O cineasta morou em Doverlândia (GO) entre os anos de 1991 e 1993, mudando-se então para Barra do Garças (MT), onde residiria até o ano de 1995, ano no qual mudou-se para a cidade de Goiânia. Em 1995, filmou “O Cego que Gritava Luz”, e em 1999, realizou “O Tronco”, filme baseado no romance de Bernardo Élis. Em Goiás, o diretor criou o FICA (Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental), e também fundou sua nova produtora, a Oeste Filmes, pela qual lançou o longa “Rua Seis, Sem Número” (2002).
Após todos esses anos no “exílio”, Andrade voltou para a cidade de São Paulo. 2005 foi o ano do lançamento do documentário “Vlado – 30 Anos Depois”, sobre Vladimir Herzog. Nos anos de 2005 e 2006, Andrade ocupou a Secretaria de Cultura do estado de São Paulo, durante o governo de Geraldo Alckmim, conseguindo estabelecer uma política cultural que viabilizou mais de 500 projetos em todo o estado, nas áreas de teatro, cinema, música, literatura etc. No ano de 2006 lançou o longa “Veias e Vinhos”, adaptação do romance de Miguel Jorge. Já no ano de 2008 o cineasta realizou o documentário “Travessia”, co-produzido pela TV Brasil. Nesse mesmo ano, o cineasta lançou-se candidato a vice-prefeito da cidade de São Paulo ao lado de Soninha Francine, candidata a prefeita, pelo Partido Popular Socialista (PPS). A chapa Soninha-João Batista obteve 4,19% dos votos do eleitorado, não conseguindo se eleger. Nas palavras de Henrique José Vieira Neto,
A participação como candidato a vice-prefeito, na eleição municipal de São Paulo (SP) em 2008 pelo PPS ou a coordenação da Secretaria de Cultura do Estado no governo Alckmim, pode parecer estranho para um militante com as características do cineasta J. B. de Andrade. Mas, ao analisarmos seu percurso profissional, intelectual e político, podemos entender que sua militância e engajamento sempre visaram a praxis, do que a disseminação pura e simples de seu pensamento e ideologia.[26]
Como se vê, temos que a ação política de João Batista de Andrade vai além da simples disseminação, através de seu cinema, de sua ideologia. De fato, o cineasta brasileiro tem procurado, ao longo de toda a sua trajetória, exercer o seu papel de sujeito histórico dentro do recente processo histórico brasileiro. Desse modo, Andrade tem participado intensamente dos debates e conflitos políticos que permeiam a história recente do nosso país. O próprio cineasta resume sua trajetória da seguinte forma:
Não é novidade para ninguém minha obsessiva ligação, como cineasta, aos fatos políticos ou temas que possibilitem uma repercussão, uma leitura política. Eu me revelei assim no primeiro filme, o Liberdade de Imprensa e segui pela vida afora perseguindo esse fio que pudesse ligar o cinema à política.[27]
Em suma, temos que, pelas características da trajetória do cineasta brasileiro João Batista de Andrade, a vida e a obra do referido diretor de cinema permite uma rica reflexão a respeito das relações entre as produções artísticas, neste caso o cinema, e os seus respectivos contextos históricos de produção. Foi ligando o cinema à política que o cineasta construiu sua trajetória acompanhando as complexidades da recente História do Brasil.
Bibliografia
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CAETANO, Maria do Rosário. Alguma Solidão e Muitas Histórias: a trajetória de um cineasta brasileiro, ou, João Batista de Andrade: um cineasta em busca da urgência e da reflexão. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. (Coleção Aplauso Cinema Brasil).
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VIEIRA NETO, Henrique José. O Tronco: obra literária de Bernardo Élis (1956), fílmica de João Batista de Andrade (1999) e as conexões possíveis entre cinema, literatura e história. 2010. 197f. Dissertação (Mestrado em História)-Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010.
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[1] Graduando em História – Bacharelado e Licenciatura – pela Universidade Federal de Uberlândia, bolsista de Iniciação Científica do CNPq. Integrante do NEHAC – Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura. E-mail: rodrigo_franc_dias@yahoo.com.br
[2] Boa parte dos dados biográficos a respeito do cineasta brasileiro, João Batista de Andrade, foi extraída da biografia já publicada: CAETANO, Maria do Rosário. Alguma Solidão e Muitas Histórias: a trajetória de um cineasta brasileiro, ou, João Batista de Andrade: um cineasta em busca da urgência e da reflexão. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 429 p. (Coleção Aplauso Cinema Brasil).
[3] NEVES, Lucília de Almeida. Frente Parlamentar Nacionalista: utopia e cidadania. Revista Brasileira de História, SÃO PAULO: ANPUH: Marco Zero, v. 14, n. 27, p. 61, 1994.
[4] RIDENTI, Marcelo. Intelectuais e Artistas Brasileiros nos Anos 1960/70: “entre a pena e o fuzil”. ArtCultura – Revista de História, Cultura e Arte, Uberlândia, v. 9, n. 14, p. 186-187, jan./jun. 2007.
[5] HOLANDA, Heloísa Buarque de. Cultura e Cotidiano. In: ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de; BARRETO, Túlio Velho (Orgs.). 1964: O Golpe passado a limpo. RECIFE: Fundação Joaquim Nabuco: Editora Massangana, 2007. p. 137.
[6] RIDENTI, Marcelo, op. cit., p. 187.
[7] HOLANDA, Heloísa Buarque de, op. cit., p. 138-139.
[8] RIDENTI, Marcelo, op. cit. p. 188.
[9] NEVES, Lucília de Almeida, op. cit. p. 62.
[10] HOLANDA, Heloísa Buarque de, op. cit. p. 144-145.
[11] CAETANO, Maria do Rosário. Alguma Solidão e Muitas Histórias: a trajetória de um cineasta brasileiro, ou, João Batista de Andrade: um cineasta em busca da urgência e da reflexão. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. p. 87.
[12] “Boca do Lixo” era o nome usado para designar uma deteriorada região urbana da cidade de São Paulo, onde funcionavam muitas distribuidoras e produtoras de cinema.
[13] CAETANO, Maria do Rosário, op. cit. p. 112.
[14] GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas – A esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987. p. 79.
[15] CAETANO, Maria do Rosário, op. cit. p. 124.
[16] Trata-se de um longa composto por três episódios/histórias. Os outros dois episódios foram dirigidos por Sebastião de Souza e por José Rubens Siqueira.
[17] CAETANO, Maria do Rosário, op. cit. p. 143.
[18] Ibid., p. 144.
[19] Ibid., p. 152-153.
[20] KINZO, Maria D'Alva G. A democratização brasileira: um balanço do processo político desde a transição. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, vol. 15, n. 4, p. 4, out./dez. 2001. Disponível em:
[21] ALMEIDA, Maria Hermínia Tavares de; WEIS, Luiz. Carro-zero e pau-de-arara: o cotidiano da oposição de classe média ao regime militar. In: NOVAIS, Fernando A. (Coordenador geral da coleção); SCHWARCZ, Lilia Moritz (Organizadora do volume). História da Vida Privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 332-333. (História da Vida Privada no Brasil, 4).
[22] ANDRADE, João Batista de. O Povo Fala: um cineasta na área de jornalismo da TV brasileira. São Paulo: Senac, 2002. p. 52.
[23] ABRAMO, Laís Wendel. Greve metalúrgica em São Bernardo: sobre a dignidade do trabalho. In: KOWARICK, Lúcio (Org.). As Lutas Sociais e a Cidade: São Paulo, passado e presente. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. p. 183.
[24] CAETANO, Maria do Rosário, op. cit. p. 241.
[25] Cf. Ibid., p. 287-295.
[26] VIEIRA NETO, Henrique José. O Tronco: obra literária de Bernardo Élis (1956), fílmica de João Batista de Andrade (1999) e as conexões possíveis entre cinema, literatura e história. 2010. 197f. Dissertação (Mestrado em História)-Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010. p. 113.
[27] CAETANO, Maria do Rosário, op. cit. p. 321.
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