sexta-feira, 2 de março de 2012

Vaticano abre o seus arquivos Secretos



. STACY MEICHTRY, DE ROMA

O Vaticano está dando ao público uma oportunidade rara, ainda que temporária, de dar uma espiada no seu arquivo secreto.





Corbis



Um visitante observa um documento da exposição dos Arquivos Secretos do Vaticano, no Museu Capitolino, em Roma.

.Na quarta-feira, o Vaticano abriu uma exposição de seis meses no Museu Capitolino, em Roma, que vai exibir 100 documentos normalmente trancados no arquivo pessoal do papa.



A bula papal que excomungou Martinho Lutero da Igreja Católica, os atos judiciais do julgamento de Galileu Galilei, e uma carta de Maria Antonieta, quando se preparava para a guilhotina, são apenas alguns exemplos de documentos que mostram a história em ação e que raramente são vistos pelo público geral.



A exposição faz parte de uma campanha do Vaticano para mudar a imagem de uma de suas controversas instituições. Os Arquivos Secretos do Vaticano — esse é o nome oficial do arquivo papal — há muito são causa e símbolo de intriga, fornecendo inesgotável alimento aos que sustentam teorias conspiratórias e um oportuno cenário para pelo menos um romance de Dan Brown.



Há muito os críticos acusam o Vaticano de usar esse arquivo para manter documentos de relevância histórica –— e potencialmente prejudiciais — eternamente trancados.



Apesar da reputação de sigilo desse repositório, na verdade os estudiosos têm permissão para consultar a maior parte do arquivo.



"Não queremos que esse material seja mantido em segredo", disse Enrico Flaiani, arquivista do Vaticano, a um grupo de repórteres esta semana, enquanto os conduzia à construção subterrânea que abriga parte do acervo.



Debaixo de um enorme teto de concreto, pergaminhos enrolados e obras encadernadas em couro rachado se empilhavam sob uma luz mortiça.



Flaiani julga que o arquivo é mera vítima de uma tradução errada do latim. A decisão de chamar o Archivum Secretum Vaticanum de "arquivo secreto" do Vaticano foi um erro, disse o arquivista, acrescentando que preferia a tradução "arquivo pessoal".



Mesmo assim, parte do arquivo é certamente mantida em segredo.



Documentos datados a partir de 1939, o ano em que o papa da Segunda Guerra Mundial, Pio XII, assumiu o cargo — ficam trancados atrás de grades de metal. Autoridades do Vaticano disseram que precisam de tempo para indexar os arquivos, mas essa é uma questão de prerrogativa papal.



O papa Bento XVI, ou um de seus sucessores, vai decidir quando esses documentos se tornarão públicos. Para a exposição, porém, parece que o Vaticano permitiu que pelo menos um desses documentos passasse pelas grades.



Entre as cartas em exposição está um memorando de abril de 1944, que um padre de Roma enviou para Giovanni Battista Montini, um bispo da alta cúpula do Vaticano que mais tarde se tornaria o papa Paulo VI.



Uma semana antes, tropas nazistas tinham massacrado centenas de pessoas perto das catacumbas, nos arredores de Roma, e tentado encobrir o ato emparedando os corpos dentro de uma pedreira.



"Há uma pilha de cadáveres ali. Seis podem ser vistos claramente", diz o memorando, descrevendo que uma das vítimas mais jovens tinha "três dedos cuja carne tinha sido arrancada antes em uma tortura".



"Outro cravava as unhas no peito de um companheiro que havia caído embaixo dele, como se tentasse se levantar pela última vez", diz o memorando.



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Manoel Messias Pereira

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