quarta-feira, 2 de março de 2011
Hino a Negritude
"Hino à Negritude"
02/03/2011 06:09
Fonte: O Tempo (MG)
Na última quinta-feira, o prefeito Marcio Lacerda divulgou, por meio do "Diário Oficial do Município", o decreto que sanciona a Lei nº 10.111, a qual versa sobre a oficialidade do "Hino à Negritude", em Belo Horizonte. O cântico, composto pelo presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), Eduardo Oliveira, será entoado, a partir desta data, em todas as solenidades oficiais relevantes que recordam momentos como a abolição da escravatura, entre outros.
Foi por meio do projeto do vereador Geraldo Félix (PMDB), criado em 2009, que essa medida se tornou possível. Ele conta que o motivo para realizar a proposta de lei surgiu antes de 2009, quando ele encontrou o autor do hino, uma das personalidades mais atuantes junto ao movimento negro no país. "Eu conheci o professor Eduardo de Oliveira em Brasília, durante um congresso nacional do PMDB. Lá, ele me contou sobre o hino e me perguntou se eu aceitaria entrar com uma proposta de aprovação do projeto em Belo Horizonte. Eu assumi a responsabilidade de levar essa ideia adiante, e ele me encaminhou a documentação para eu elaborar o projeto", lembra Geraldo Félix.
O vereador complementa dizendo que analisou o melhor momento propício para concretizar a tarefa. "Esperei a hora certa para atuar. Hoje, notamos como há uma abertura maior e um arejamento de ideias em torno da necessidade de pensar a trajetória do povo negro. O que nós queremos é afirmar o hino como um instrumento de valorização dos afrodescendentes no Brasil". Letra. Composta em 1942, quando Eduardo de Oliveira ainda estava com 16 anos, a letra do hino faz menção a fatos marcantes da história do negro no Brasil, como a presença questionadora de Zumbi dos Palmares, uma liderança importante para refletir sobre os movimentos de resistência.
A canção, de acordo com Eduardo de Oliveira, eleva a participação dos afro-brasileiros na constituição da nação. Essa presença, às vezes, reduzida em razão do estigma da escravidão, é contraposta, como ele observa, pelos versos que destacam a força e altivez dos negros que também afirmaram uma postura reativa diante do contexto de opressão. "A contribuição do hino é ainda maior quando lembramos que a população negra do nosso país ocupa 53% da população brasileira. Então, é preciso cantar os seus valores, destacar a influência negra na nossa cultura. É preciso reconhecer que Zumbi dos Palmares foi posto ao lado de Tiradentes no panteão da nossa história", completa o presidente da CNAB.
Além de Belo Horizonte, mais de cem municípios já aderiram ao "Hino à Negritude". Das capitais brasileiras, Maceió, São Paulo, Cuiabá e Campo Grande também já incluíram a composição como parte oficial da programação das solenidades importantes para se pensar a trajetória negra.
I Sob o céu cor de anil das Américas Hoje se ergue um soberbo perfil. É u?a imagem de luz Que, em verdade, traduz A história do negro no Brasil.
Este povo, em passadas intrépidas, Entre os povos valentes se impôs! Com a fúria dos leões Rebentando grilhões Aos tiranos se contrapôs!
Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez!
(Refrão) II Levantado no topo dos séculos, Mil batalhas viris sustentou, Este povo imortal Que não encontra rival, Na trilha que o amor lhe destinou. Belo e forte, na tez cor de ébano, Só lutando se sente feliz.
Brasileiro de escol Luta de sol a sol Para o bem de nosso País. Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez!
(Refrão) III Dos Palmares, os feitos históricos São exemplos da eterna lição Que, no solo tupi, Nos legara Zumbi, Sonhando com a libertação.
Sendo filhos, também da mãe África, Aruanda dos Deuses da Paz. No Brasil, este axé Que nos mantém de pé Vem da força dos Orixás.
Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez!
(Refrão) IV Que saibamos guardar estes símbolos De um passado de heróico labor. Todos numa só voz, Bradam nossos avós: Viver é lutar com destemor! Para frente marchamos impávidos Que a vitória nos há de sorrir.
Cidadãs, cidadãos Somos todos irmãos Conquistando o melhor porvir! Bis Ergue a tocha no alto da glória Quem herói nos combates se fez, Pois que as páginas da História São galardões aos negros de altivez! (Refrão)
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