sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Cerrada luta de classe na Grécia

O PAME apela à preparação de uma nova greve geral em Fevereiro Trabalhadores respondem à ofensiva de patrões, governo e capital financeiro
Cerrada luta de classes na Grécia
Milhares de gregos cumpriram na terça-feira, 17, uma paralisação na região de Attica e manifestaram-se em Atenas contra a escalada na ofensiva antilaboral. Dois dias depois, o PAME interrompeu a farsa negocial que os sindicatos reformistas e o patronato levavam a cabo e chamou os trabalhadores a recrudescer a luta visando uma nova greve geral no início de Fevereiro.






A marcha que percorreu o centro da capital grega até às portas do parlamento foi expressão da grandiosa paralisação convocada pela Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) na região de Attica, jornada seguida, à última hora, por outra central sindical, a Confederação Geral do Trabalho (GSEE), confrontada com a adesão dos seus filiados.

De acordo com a EFE, 80 por cento dos trabalhadores da região cumpriram a paralisação. Duas das três linhas de metropolitano de Atenas não abriram as portas e a terceira só o fez no início e no fim do dia, cenário idêntico ao ocorrido nos restantes serviços de transportes.

Os portos do Pireu, Rafina e Lavrio estiveram totalmente inactivos, assim como estabelecimentos de ensino e unidades de Saúde. Na empresa siderúrgica grega de Asprópyrgos, nos arredores da capital, os 400 operários mantiveram a paragem que cumprem há mais de dois meses, mas, no dia 17, foram secundados pelos camaradas das unidades de Volos, para onde a empresa transferiu parte da produção com o objectivo de fazer frente à greve dos metalúrgicos.

Em Volos, apesar da pressão da administração e do aparelho repressivo e jurídico estatal, os trabalhadores pararam a produção, tal como já haviam feito a 12 de Janeiro em solidariedade para com os grevistas de Asprópyrgos.

Advogados e jornalistas, que prolongaram o protesto até ao final do dia 18, também se uniram à luta.

A greve em Attica ocorreu justamente quando chegavam a Atenas os representantes do FMI e da UE para, com o primeiro-ministro Lucas Papademos, concertarem mais medidas antilaborais e novos cortes sociais.

Na sexta-feira, 20, também aterrou na Grécia o director do Instituto de Finanças Internacionais, representante da banca privada, cujo objectivo era acordar os termos do perdão de 100 mil milhões de euros da dívida grega. Charles Dallara partiu no dia seguinte sem novidades, mas garantiu à AFP que as conversas com Papademos vão prosseguir via telefone.

FMI, UE e o grande capital financeiro exigem ao governo helénico que aplique mais medidas de austeridade, sem as quais não será concedido ao país um novo empréstimo de 130 mil milhões de euros, o qual terá de ser desbloqueado até 20 de Março, data em que a Grécia tem de pagar 14,4 mil milhões de euros de juros da dívida.

Na sua página na Internet, o Partido Comunista da Grécia (KKE) lembra que as medidas antilaborais que a troika estrangeira e a troika nacional (PASOK, Nova Democracia e LAOS) pretendem implementar incluem maior flexibilização da legislação laboral, redução em 150 a 200 euros dos salários e abolição dos subsídios no sector privado, mais privatizações e aumento da carga fiscal, e salienta que, nas últimas semanas, os empresários foram beneficiados com novos benefícios e isenções.

O KKE lembra ainda que milhares de famílias já não estão a pagar a sobretaxa aplicada na factura da electricidade. No final da manifestação em Atenas, um dirigente sindical dos metalúrgicos e membro da direcção do PAME lembrou que as ordens do governo para que se efectuem cortes de fornecimento de electricidade às famílias devedoras vão encontrar obstáculos por parte dos trabalhadores.



Farsa interrompida


Já no dia 19, quinta-feira, o PAME interrompeu o diálogo entre o GSEE e a confederação patronal SEV que decorria na sede da Confederação Grega de Pequenas e Médias Empresas e comerciantes. Para o PAME, tratava-se de uma farsa cujo único propósito era «sepultar os direitos laborais e a negociação colectiva e impor salários de miséria».

A central sindical de classe lembrou ainda que a reunião era tanto mais inútil e enganadora quanto, um dia antes, o ministro do Trabalho, Koutroumanis, declarou que se sindicalistas e patrões não concluíssem um acordo que agradasse ao governo, este iria avançar com as medidas por sua conta.

O PAME chamou ainda os trabalhadores a forçar dentro dos respectivos sindicatos o incremento das acções de protesto, visando a construção de uma grande greve geral no princípio de Fevereiro.

A acção motivou uma feroz reacção do patronato. O SEV «apelou a todas as forças políticas e em particular às da esquerda democrática para que condenem o Partido Comunista e as suas práticas, com as quais nos pretendem conduzir, através do PAME, para um período violento».

Em resposta, o KKE considerou natural o ataque do patronato tendo em conta a sua posição de classe, e lembrou que «o que pretende, com os seus partidos e sindicatos colaboracionistas é submeter os trabalhadores».

Os comunistas garantiram que não temem as ameaças patronais e apelidou os capitalistas de «parasitas que impedem o desenvolvimento do país».

Já o PAME recordou que os líderes do GSEE, do SEV e a coligação governamental PASOK-ND-LAOS falam em violência ao mesmo tempo que impõem «o empobrecimento violento do povo e a subjugação dos trabalhadores ao apetite do capital».

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Manoel Messias Pereira

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