terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Contos angolanos em língua Árabe

Conto angolano em língua Árabe
Carmo Neto secretário-geral da União dos Escritores Angolanos instituição responsável pela tradução da antologia de contos Fotografia: JA Está em curso um ambicioso projecto de traduções, pela União dos Escritores Angolanos, que passa pela versão em inglês, francês, alemão, italiano, incluindo a língua árabe, de títulos de referência da literatura angolana, concretizando um propósito que visa, fundamentalmente, o diálogo intercultural entre os países, pela via da literatura. Com diversas variantes linguísticas, a língua árabe é falada por 280 milhões de pessoas, é o idioma oficial de 22 países, está próxima do hebraico e das línguas neo-aramaicas, e é a que possui mais falantes dentro do tronco linguístico semita. Embora existam muitos autores angolanos traduzidos, sobretudo nas línguas naturais europeias, recorde-se o “World of Mestre Tamoda”, de Uanhenga Xitu e a versão francesa de “Quem me dera ser onda”, de Manuel Rui, e a obra de Pepetela, um dos autores angolanos mais traduzidos, a intervenção da literatura angolana, no universo da língua árabe, pelo menos enquanto projecto, é inédita e denota uma intenção ambiciosa da União dos Escritores Angolanos. As traduções em língua árabe podem ser mais importantes do que possa parecer, porque não podemos perder de vista que há um substrato africano em toda a cultura mediterrânica, espaço de influência milenar da cultura árabe, e a divulgação da literatura angolana vai instaurar o reencontro de culturas que, por sua vez, pode propiciar o surgimento de clássicos universais, porque desconhecemos qual o impacto da recepção da estética da literatura angolana no universo dos virtuais leitores do mundo árabe. Sobre a hierarquia das leituras, importa recordar uma entrevista do ensaísta canadiano Alberto Manguel, concedida no dia 9 de Setembro de 1999 à revista brasileira “Veja” que, a dado momento, interrogado sobre se “É melhor ler publicações de má qualidade do que não ler nada?”, o autor de “Uma história da leitura” disse: “não acredito em hierarquias absolutas no campo da leitura. Nos países árabes, que valorizavam a filosofia e a poesia em detrimento da ficção, ‘As mil e uma noites’ eram vistas como literatura barata. No ocidente, porém, o mesmo livro tornou-se um clássico. A dimensão de uma obra depende também da experiência pessoal de cada um, de quanto a nossa vida foi transformada por ela. É um tanto arrogante dizer ‘este é o livro que deve ler e este é o que não deve’. Há obras certas para diferentes momentos da nossa existência”, argumenta o estudioso de origem argentina.

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Manoel Messias Pereira

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