Fotos do Massacre de Halabja
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Iraque ganha museu para lembrar vítimas do genocídio contra curdos
A cidade de Halabja, no Curdistão iraquiano, é símbolo do genocídio realizado contra os curdos por Saddam Hussein e sua memória vive graças ao museu que honra as vítimas do único ataque químico da história feito por um governante contra seu próprio povo.
Cerca de 5 mil pessoas, na maior parte mulheres e crianças, morreram pela brutal combinação de gases mostarda, sarin, tabun e XV lançada pelos caças iraquianos em 16 de março de 1988, no fim da guerra Irã-Iraque, nesta cidade próxima à fronteira iraniana.
"Mas o importante é a História, não as pessoas", diz Omed Hama Ali, sobrevivente do ataque, durante um percurso que a Agência Efe fez pelo museu.
Omed retornou a sua cidade quando foi levantado o Monumento de Halabja, em 2003, "para contar o que aconteceu em primeira pessoa".
Ele diz que tinha 14 anos na época e viu morrer sua segunda família, a que seu pai tinha formado após a morte de sua mãe e sua irmã em 1974, quando Saddam bombardeou a cidade com napalm.
Ele se salvou duas vezes, dos gases e de ser enterrado vivo. Após o ataque, foi levado em coma ao Irã, onde pensaram que tinha morrido no meio do caos pelos 10 mil feridos que o país teve que acolher.
Seu pai, que estava na frente "defendendo o regime que nesse mesmo momento atacava seu povo", passou meses procurando sua família e no final de 1988, quando uma anistia permitiu o retorno dos refugiados, encontrou seu filho na fronteira.
"Anos depois ele se casou pela terceira vez e agora tem outra família. Perdeu 45 familiares, mas não se rendeu", afirma com emoção contida durante um impactante percurso pelo museu.
A visita começa com uma breve história de Halabja, o maior centro cultural do Curdistão no início do século XX, conhecido por sua abertura, como deixa claro o fato de a cidade ter sido governada nos anos 20 por uma mulher, Adela Khanum.
Esse progressismo, que continuou até a década dos 80, foi uma das causas da feroz repressão de Saddam, indica à Efe Said Basher, guia do museu, antes de entrar na sala dos mártires, que representa uma rua da cidade no dia do ataque.
A primeira coisa que se vê é a imagem de um homem estendido no chão que tenta proteger em seus braços um recém-nascido: se trata de Omer Khawar, morto aquele dia junto de sua mulher e seus dez filhos. Sua imagem, feita por Ramazan Ozturk, um dos primeiros fotógrafos a chegar apenas um dia após o massacre, já se transformou em um símbolo do horror genocida.
Outras impactantes reconstruções mostram como a vida parou em Halabja no dia 16 de março, quando mulheres e crianças (65% das vítimas) amassavam o pão ou brincavam na porta de suas casas.
"No início nos escondemos no porão, como fazíamos sempre que ouvíamos os aviões, mas em seguida nos demos conta de que dessa vez era diferente, estávamos asfixiados", explica Omed, ao lembrar com tristeza como viu a morte de todos os seus irmãos "sem poder fazer nada".
No centro do museu há "a sala do coração", com os nomes dos mortos gravados nas paredes.
O arquiteto curdo Jamal Bakir Kasab colocou no meio deste grande salão 16 colunas, que fazem referência ao dia do ataque, em um recinto com 19 metros e 88 centímetros de altura, em alusão ao ano do massacre.
No exterior, há uma figura de quatro mãos unidas, que simbolizam as quatro grandes partes do Curdistão (iraquiano, iraniano, turco e sírio), cujos habitantes foram os únicos a ajudar a população de Halabja, apesar de o massacre ter sido divulgado quase imediatamente. Até então, Saddam era um aliado do Ocidente.
Sobre o telhado, várias bolas cortadas pela metade representam as bolhas na pele causadas pelos gases, cujos horríveis efeitos podem ser vistos em fotos expostas em outras salas do museu.
"Foram cinco horas ininterruptas de bombardeios, entre 11h30 e 16h30. O primeiro gás provocava cegueira, o segundo cheirava a frutas, principalmente maçã, e era muito difícil não aspirá-lo, enquanto o terceiro afetava o sistema neurológico. As pessoas não conseguiam parar de rir, chorar ou tirar o cabelo", diz.
Na sala do orgulho são exibidas imagens de histórias assustadoras, como a de um grupo de pessoas que fugiu ao cemitério, convencidas de que nem Saddam se atreveria a bombardear os mortos, e se equivocou.
A magnitude da catástrofe obrigou a enterrar os mortos em valas comuns e ainda hoje aparecem restos humanos na cidade.
Apenas 24 horas depois do ataque, jornalistas e médicos iranianos chegaram a Halabja. O fotógrafo Ramazan Ozturk cedeu sua câmera ao museu após testemunhar contra Ali Químico, o meio-irmão de Saddam que orquestrou o genocídio curdo e que afirmou no julgamento, sem mostrar remorso algum, que voltaria a bombardear a cidade.
"O juiz que ditou sua sentença de morte nos enviou a caneta com o qual foi assinada", diz Omed, que considera seu presente de casamento a captura, em 2003, de Ali, executado em 2010.
Sua mulher, também sobrevivente de Halabja, sofreu três abortos causados pelos efeitos do gás químico antes de dar à luz a seu filho.
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Terra
Lucília Lopes Silva
O maior erro nessa notícia é afirmar que os curdos são iraquianos. Ó povo iraquiano é árabe, mas o povo curdo é indo-europeu, como os italianos, por exemplo. Assim como o povo palestino não é israelense e o povo cigano jamais se sente de outra nacionalidade esteja onde estiver neste planeta, os curdos jamais quiseram fazer parte do Iraque. Foi Winston Churchill, inglês, que criou, artificialmente o Iraque. Antes era Mesopotâmia e não incluía os curdos. Foi Churchill quem uniu o sul dos xiitas, com o centro dos sunitas e o norte dos curdos e criou o Iraque, para atender os interesses do Reino Unido, e não o desses povos. Curdo é curdo seja no Iraque, seja na Turquia, seja na Síria ou no Irã. O fato de ser muçulmano não torna ninguém árabe. Os indonésios são muçulmanos, mas não deixam de ter a nacionalidade indonésia. Napalm foi desenvolvido em 1942, durante a II Guerra Mundial, nos EUA por uma equipe de químicos da Universidade de Harvard. Foi usado diversas vezes pelos EUA e seus aliados: na IIGM, contra: cidades japonesas, na Guerra Civil grega, na Coréia, no Vietnã, no Laos, no Camboja. Até Portugal já utilizou contra suas antigas colônias na África, entre 1961-1974. Até hoje, ninguém foi condenado e muito menos enforcado por esses crimes.
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