domingo, 15 de abril de 2012

Fragmentos de emoções

A vida deve ser o estúdio, o palco, o laboratório de emoções. As vezes rimos com as ternuras dos abraços, com a estética dos dentes, quando temos-os, com a loucura dos beijos, com a tara dos sexos, com as leituras dos olhos, com as dores das mordidas, com as marcas nos nos pescoços, com as orações aos céus, com as ações individuais, de corpos que alimentam-se de corpos, numa relação de amor e de ódio.

Cada um de nós somos, vampiro sociais, e cada um suga o seu próximo. Vivemos a natureza das trocas. Trocamos trabalhos por dinheiros, produtos por dinheiros, saúde por dinheiros, virus por dinheiros , favores por dinheiros. Assim cristalizamos a vida capitalisticamente.

Vem a política, e os candidatos a cargos eletivos, que querem comprar nossos votos. E há quem vendem votos por cestas básicas, por cachaças, por camisetas, por sacanagens. Quem vende o voto, joga fora a sua dignidade como ser pensante, comunitário, coletivo, de seriedade. Estabelece uma história de esculhambação que naturaliza-se com a corrupção, acreditando que isto é participação popular e uma plena formulação nacional.

O Brasil é o país em que todos vomitam seriedade, mas mantém os corruptos no poder, os filhos das desclassificadas no poder político econômico. Sem esquecer que as desclassificadas, são frutos das ações políticas desmedidas, e sem o compromisso da ética e da seriedade.

A gramática neste país, hoje já serve só pra ficar nos livros, os cantores apresentam uma chula linguagem, atentando para a baixa formação e denotação das camadas populares. As escolas é pra gerir os bullings, pra implementar as violências, pra acolher os disturbios de aprendizagens, pra fortalecer as loucuras. Os professores que resistem, tem amplas formulaçoes e passagens pelas clínicas psiquiátricas.

Os médicos psiquiátricos, já atuam como diretor de teatro, sem palco, mas com hospitais, sem nenhuma graça. Onde os tratamentos é com drogas taja preta. E não há nada de cósmico, ou de espiritual.

Cada cidadão é um operária explorado, e vivendo num processo de marginalização, numa obsessão de viver, de existir, independentemente de ter condições para isto, de ter gostosamente o bem estar da vida.

E neste contexto continuamos, a ter a vida como estúdio, como palco, como laboratório de emoção. Rimos com as ternuras dos abraços, com as loucuras dos beijos, com as taras dos sexos, com as dores das mordidas, com as marcas nos pescoços, com as orações aos céus, com as ações individuais de corpos que se alimentam de corpos, numa relação de amor ou de ódio. Fragmentadas.




Manoel Messias Pereira
professor, poeta


São José do Rio Preto-SP

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