sábado, 14 de abril de 2012

Soneto para amar o amor -LXX

Formoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste,
A mim trocou-me a vista em que consiste
Meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes
Sejamo-lo no bem, ah, quem me dera
Que fôssemos em tudo semelhantes.

Lá virá então a fresca primavera
Tu tornarás a ser quem eras d'antes,
Eu não sei se srei quem d'antes era.




Luiz Vaz de Camões
poeta português

(poema foi atribuido a Rodrigo Lobo em 1580)

criador da lingua portuguesa

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Manoel Messias Pereira

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