quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Revista Escrita faz fluir as linguagens





Expressões, sensibilidades, contatos, linguagens, são todas atividades que os humanos compartilham e que devem ser sorvidas em grandes goles. Com dois números circulando simultaneamente, a Revista Escrita oferece arte e literatura em dose dupla, reunindo contribuições de autores e suas impressões singulares sobre a vida.

Além de pretender contribuir com a popularização e a ampliação do acesso à literatura e às demais manifestações, Escrita propõe a leitores e colaboradores, o desafio de buscar na arte a conjuração do espírito e a provar da aventura de se partilhar de um mundo reconstituído por meio da imaginação e da criatividade.

Assim, nas páginas da Escrita encontram-se autores que detêm experiências estilísticas e profissionais com o trabalho de lapidar as linguagens verbal e não verbal. Ao mesmo tempo, a revista reúne materiais elaborados por pessoas que apenas querem se expressar. Desta forma, ao lado de escritores, fotógrafos, artistas plásticos, professores e outros profissionais das palavras e das imagens, somam-se adolescentes, trabalhadores das áreas dos serviços e da agricultura, jovens universitários e donas de casa.

Entre os participantes das recentes tiragens da Escrita, o historiador Giovane Lozano não econdeu a sua satisfação ao ser convidado a partilhar de seus poemas com outros leitores. “Fiquei mais feliz que criança em dia de Cosme e Damião. Achei o máximo. Eu nunca tinha pulbicado assim, em uma revista, e fiquei muito feliz por ter saído na Escrita. Sempre que puder, vou continuar a participar e ajudar a revista da forma que der, seja com textos, distribuindo, e, claro, fazendo um marketing”, revela Giovane.

Desde o final de dezembro, a edição 19 da revista circula em bancas, através de mala direta e por meio da chamada venda de mão em mão, onde aproximadamente vinte pessoas apoiam na comercialização de lotes da revista os seus núcleos no trabalho, estudo ou atividade cultural. Agora, em janeiro, ela ganha a companhia dos trabalhos publicados na número 20.

Editada pelo jornalista Silvio Campana, Escrita tem uma tiragem de dois mil exemplares, elaborada em preto e branco, sendo que apenas a capa recebe a impressão em colorido. A revista é formada pelas seções “Palavra”, com poemas, contos e textos de opinião, e “Olhos”, com fotografias, ilustrações e desenhos. A publicação é editada a cada dois meses pela Associação Guatá, entidade cultural que atua em Foz do Iguaçu.

PARA TODOS - Nestas duas edições, que excepcionalmente circulam ao mesmo tempo, Escrita conta com seis colaborações de adolescentes iguaçuenses que começam a se aventurar pelo universo das artes. A informação é relevante por corresponder às ações de estímulo à leitura e à escrita promovidas pela Associação Guatá, através do Programa Tirando de Letra. Neste sentido, a revista oferece suporte ao projeto, veiculando os materiais dos participantes de oficinas e outras atividades desenvolvidas em escolas e comunidades.

A estudante Kariny Wermouth, que está iniciando o ensino médio no Colégio Dom Pedro II, na região do Morumbi, revela a sua experiência em contribuir com a Escrita. “Escrever pela primeira vez para a Guatá foi como realizar um sonho. Quando conheci a revista pela primeira vez na escola, em uma aula onde um professor levou alguns exemplares para que nós lêssemos, achei realmente a revista muito legal, nem imaginava que existia uma com esse conteúdo”, diz a jovem, quem tem material pulbicado na edição 20.

A estudante ainda afirma a importância de espaços alternativos, voltados para as mais diferentes formas de expressão. “A revista é escrita por pessoas como eu, da minha cidade, da região e de muitos outros lugares. Desde a primeira vez em que a conheci, me identifiquei bastante com o que li e vi e fico muito feliz em termos um espaço onde podemos nos expressar e comunicar de forma livre. O melhor é a sensação de saber que pessoas podem se identificar com você, com o que você sente, pensa,olha e vive”, finaliza a estudante.

MÍDIA LIVRE - Cerca de quarenta por cento dos dois mil exemplares de cada tiragem da Revista Escrita, são distribuídos gratuitamente para estudantes e professores das escolas da rede pública estadual, em nove municípios da região Oeste do Paraná. Isto se dá por meio de parceria com o Núcleo Reginal de Educação de Foz do Iguaçu (NRE), sendo utilizadas em trabalhos de leitura e de artes em geral, disponíveis nas bibliotecas das instituições ou empregadas nos trabalhos pedagógicos mantidos nas escolas.

Por esse trabalho de democratização do acesso às diversas linguagens e manifestações, a iniciativa mantida pela Associação Guatá foi contemplada pelo Prêmio Pontos de Mídias Livres, concedido pelo Ministério da Cultura (MinC).

ARTE DE MÃOS CHEIAS – As capas das duas edições são de autoria da fotógrafa iguaçuense Áurea Cunha. As fotografias dialogam em si. Em uma delas, na revista número 19, o fio da vida está expresso na recente montagem da Cia. Foz de Teatro, que retrata a profundidade da existência humana em suas múltiplas dimensões. Na revista 20, a vida por um fio está retratada na particularidade de um detalhe da paciente labuta da natureza, que alimenta e proclama o cio da vida.

Outro fotógrafo que está presente nas duas Escritas é o saudoso Harry Schinke, um dos primeiros destas paragens. Desta feita, o registro de Schinke mostra detalhes da construção do Batalhão do Exército e do carnaval. As duas fotos remontam os anos 30 do século passado.






ESCRITAS 19 E 20, UM RAIO X
As páginas "Olhos" da Escrita 19 também tem fotos de Adriana Tashiro, Alinne Miskalo e Maria de Jesus Rodrigues. Esta última é cortadora de cana e educadora de adultos na pequena Paranapoema, no norte velho do Paraná. Maria aprendeu a fotografar numa oficina de educação para adultos e nunca mais parou. Seu ensaio sobre o corte da cana-de-açucar a faz artista e personagem ao mesmo tempo.
Ilustrações de Lalan Bessoni, Alissa Gottfried e Bruna Borba completam a parte visual da edição.

Entre as “Palavras”, a poesia fica por conta da jornalista Izabelle Ferrari, do historiador Giovane Lozano, da caloura do curso de Letras Monique Steffani, da estudante Lisete Barbosa e da educadora Dani Schlogl. Escrita 19 conta também com poemas da cantora e poeta paranaense, Neuza Pinheiro.

Já em forma de prosa, a lista é mais extensa e vai da gerente de marketing Keila Conci e do doutor em educação Daniel Machado à estudante Carol Miskalo. E, entre eles, contos, como o do jornalista e escritor Fábio Campana, que aborda a pugna em passar a limpo o passado de repressão e crimes contras os opositores do regime militar brasileiro. O estudante do curso de Relações Internacionais, na Unila, Chico Dênis, defende a importância da obra de seu conterrâneo cearense, o poeta Patativa do Assaré.

Em ensaios, Paulo Bogler trata da peça teatral “Invisível”, da Cia. Foz de Teatro, enquanto que a dramatuga e escritora argentina Isabel Sala apresenta um fragmento do texto para clows “Matar hambre”.

Escrita 20 traz a visão intimista lançada sobre as Cataratas do Iguaçu, lançada pela fotógrafa iguaçuense Carol Lopez. Sua obra dialoga com o texto sobre o tempo, do poeta Nilson Monteiro.

Também em fotografia, o jornalista argentino Claudio Salvador, produtor do blog "Bicho do Mato" comprova a possibilidade da boa convivência: um quati, uma gata e um urubu posam para a boa amizade, em uma aldeia guarani de Missiones, Argentina. O quati mama na gata e o urubu cata piolhos no quati. Já a historiadora e coeditora do blog “Fronteira Zero”, Andressa Back, nos mostra o cotidiano dos vendedores paraguaios nas calçadas da fronteira.

Além das fotos, a revista 20 conta com pinturas do iguaçuense Rogério Silva e da londrinense Patrícia Montini, ilustração de Bruna Borba e desenhos do adolescente Alexandre Bogler. A publicação conta, ainda, com a reprodução de uma escultura em papel, de autoria coletiva dos agricultores João Nunes, de Lindoeste, e João Medeiros, de Capitão Leônidas Marques e da educadora popular Vera Gislon, de Cidade Gaúcha.

A educação para jovens e adultos é abordada pela londrinense Maria Fiorato. A historiadora e blogueira gaúcha Cláudia Tomaschewski fala sobre a política utilizando versos. E o ensaio da jornalista curitibana, especialista em educomunicação, Lizely Borges, reflete sobre relação entre a televisão e o processo de construção de conhecimento.

Nesta publicação, a poesia leva a assinatura da professora universitária Alai Diniz, do iguaçuense Carlos Luz, do poeta paulistano Henrique Costa, da escritora baiana Ludmila Rodrigues, e das estudantes Kariny Wermouth e Angela Garofali.

Para finalizar as "palavras", Escrita também tem contos de Silvio Campana e Vicente Ávalos, e crônicas de Célia Musilli e Izabel Campana.

Izabel, advogada no Distrito Federal, comenta sua participação nas páginas da Guatá. "A fronteira é única, em seu caldo cultural múltiplo. Ter um texto meu publicado na Guatá significa falar com essas gentes todas. A Revista tem um enfoque regional, mas cabe um universo nessa terra de fronteira. Moro em Brasília, mas tenho tenras lembranças de infância da Foz do Iguaçu de já faz uns bons anos. Saudades da terra encarnada, do tererê pra matar o calor que queima fácil uma curitibana como eu. Tenho guardado dentro de mim o tempo dos banhos de tanque, da coleção de pedras achadas no jardim da vó. Sei que Foz viaja um pouco dentro de mim, no sangue e nas memórias. E é muito bom saber que um pouco de mim, do que escrevo e divido, viaja também por Foz, nesta Revista tão bonita. Me dá muito orgulho poder participar deste projeto."


(Guatá - Paulo Bogler)






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Manoel Messias Pereira

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