sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A classe Operária vai ao Paraiso

A Classe Operária vai ao Paraíso
Paulo Camargo expõe seus novos trabalhos na sede da UGT - União Geral dos Trabalhadores de Ribeirão
Régis Martins


Foto: (10.fev.2010 - F.L.Piton / A Cidade)

Artista mostra os trabalhos de sua nova fase artística
O artista plástico Paulo Camargo estava exausto nesta quinta-feira à tarde. Disse que tinha trabalhado sem parar durante 15 horas. "Não dormi e nem comi nada", contou. Paulo preparava as últimas obras para a exposição de hoje no Memorial da Classe Operária de Ribeirão Preto. Ele pretende mostrar 18 telas de sua nova fase que investe mais em cores vibrantes, quase alegres. Quer dizer, quase. "Quero colorir a dor da espécie humana", afirma o artista, que sempre investiu em temas sombrios e pouco ‘comerciais’.

Nos últimos anos, Paulo vem tentando se distanciar um pouco de sua fama de ‘maldito’. Seus quadros mais recentes diferenciam bastante de suas obras mais radicais que incomodavam pela técnica e pelos temas escolhidos. Não que ele tenha mudado muito sua opinião sobre a vida na Terra. "Meu tema é um só: a espécie humana está se desintegrando", diz, fatalista.
Porém, enquanto o fim não chega, o artista utiliza algumas ferramentas modernas para divulgar seu trabalho. Uma delas é a rede social Facebook, que Paulo utiliza para mostrar sua produção ao público conectado. "Eu dei uma volta de 360 graus na minha vida", garante, um tanto enigmático.

Na exposição de hoje, intitulada "Imagens e Reflexões", Paulo promete trabalhos absolutamente inéditos. "São todos quadros novos, recém-nascidos, o único velho sou eu", brinca.
A novidade é que o evento é dedicado ao amigo e músico José Maria Paschoalik Filho, falecido em 2007. E não só. O artista inclui todos aqueles que se foram nos últimos anos. Ou seja, Odila Mestrinér, Johnny Oliveira, Mário Feres e Henrique Bartsch. "Esse trabalho é dedicado à espécie humana", resume.

A abertura da exposição terá apresentações do músico Jeziel Paiva que, além de tocar rabeca, vai contar causos bem mineiros, e da cantora Sônia Pasck, viúva de José Maria. "Vou cantar músicas do Zé, MPB, Janis Joplin e Beatles. Procurei fazer um repertório que ele gostava de me ver cantando", afirma.

Sônia diz ter gostado muito da homenagem prestada pelo amigo Paulinho Camargo e prometer interpretar composições como "Conselho Milenar" e "A Lenda das Virtudes", escritas pelo marido. Para quem não sabe, os dois fizeram parte da lendária banda "Brancaleone", criada nos anos 1970.

"Infelizmente, o Brancaleone ficou pra trás. O Zé era muito criativo e muito a frente. Naquele tempo, fazíamos experiências musicais, hoje todo mundo toca o que o povo quer ouvir", comenta.

Portal

Essa é a segunda grande exposição de Paulo em Ribeirão este ano. No início de 2011, exibiu dez telas coloridas e 80 desenhos feitos à nanquim no Espaço Cultural Bauhaus. Ele refez os desenhos que estão em seu primeiro e único livro "O Portal dos Desabitados" e os transformou em quadros.

Paulo expõe muito pouco e dificilmente coloca seus quadros em galerias. Acredita que a cidade não tem um espaço adequado para exposições. O artista também não poupa os museus locais. "O Marp nunca me convida, mas também se me convidar, não vou. Aquilo está sempre vazio. Prefiro expor em locais onde tem público", disse, em entrevista realizada em fevereiro.

O que explica o fato de Paulinho expor em universidades, escolas, shoppings e até mesmo no Fórum de Ribeirão. A exposição no Memorial da Classe Operária vai ser realizada graças a um convite de Luciana Rodrigues, coordenadora geral do Pontão de Cultura Sibipiruna, mantenedor do Memorial.

Nascido na região de Rio Claro, de família pobre, Paulo Camargo foi menino de rua e garante que deixou a marginalidade graças ao seu talento. Com 16 anos ganhava a vida desenhando flâmulas, cartazes e anúncios.

Veio para Ribeirão ainda jovem, quando tentou estudar na Escola de Belas Artes do Bosque Municipal. Diz a lenda que o então professor Antônio Palocci, pai do ex-ministro, viu seus trabalhos e disse: "Não tenho nada para lhe ensinar. Você desenha melhor que nós".

Serviço

Imagens e Reflexões - Paulo Camargo
Abertura nesta sexta-feira (16), às 20h, no Memorial da Classe Operária
Rua José Bonifácio, 59
A exposição tem a duração de um mês
Entrada gratuita

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Manoel Messias Pereira

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